Uma garota estava tendo dificuldades para resolver seus problemas de matemática. Durante os momentos em que deveria estar terminando sua lição de casa, sentada no quarto de estudos, aquela menina ficava a observar as questões e imaginar um jeito de solucioná-las. “Porque meus amigos têm tanta facilidade nisto e eu não?”- ela questionava constantemente, como se tivesse sido esquecida por Deus no momento da distribuição dos “talentos matemáticos”.
Enquanto lutava para achar uma resposta na sua própria mente, alguém falou: “Porque você não pede ajuda para o velho professor que mora no fim da rua?” Era isso! Ela haveria de ter ajuda se tão somente procurasse o velho. Todos diziam que ele era simpático e, sendo já um senhor idoso e sem muitas atividades, deveria estar disponível para ajudar uma menina com problemas na escola. As equações seriam desvendadas, enfim.
A menina procurou o velho em uma tarde chuvosa. Ele gentilmente abriu as portas da sua casa e do seu coração. Depois de uma breve apresentação dos motivos da visita, eles gastaram muitas horas estudando os fundamentos da matemática. A garotinha ficou satisfeita com a resolução dos seus “grandes” problemas; o velho, feliz pela companhia.
Essas visitas de estudo tornaram-se rotineiras. Viraram uma espécie de aula particular. Mas, depois de algum tempo, a mãe da menina descobriu um fato assombroso: o velhinho bondoso que ensinava matemática a sua filha não era tão desocupado assim. Na verdade, era um famoso cientista. Nem mesmo era um matemático! Aquela mãe levantou-se e foi em direção à casa daquele homem. Foi pedir desculpas por todo o incômodo que sua filha poderia ter causado. Afinal, aquele senhor idoso era um físico importante, ganhador do prêmio Nobel. Seu nome era Albert Einstein.
Ao saber dessa história real pela primeira vez, não pude evitar de fazer as relações óbvias sobre o nosso relacionamento com Deus. Fiquei imaginando o Criador como uma espécie de professor de matemática. Nós e nossos grandes problemas sem solução acabamos por correr em busca do Seu socorro. Ele, alegremente, abre Sua porta e resolve nossas questões fundamentais.
O resultado é maravilhoso! Ficamos alegres e satisfeitos e, a partir daí, baseamos nosso relacionamento com Ele na resolução desses problemas simples. Ignorando o fato de que existe um infinidade de revelação e vida dentro da mente de Deus, seguimos vivendo presos em um nível básico de experiência.
A pergunta que nos faz pensar é: “O que aconteceria se aquela menina soubesse que o matemático era Einstein? Qual seria a sua reação se soubesse que, além das equações básicas, aquele homem estava desenvolvendo teorias que definiriam o entendimento do universo?”. Bem, com certeza, ela iria além. Movida pela curiosidade infantil, ousaria pedir mais do seu professor.
É exatamente esta a notícia que quero dar: o seu Deus tem tesouros de revelação escondidos na profundidade de Sua palavra e pessoa, prontos para serem compartilhados. Que tal abandonar um pouco os seus “grandes problemas” relacionados com o que beber, o que vestir e o que comer e começar a experimentar coisas maiores?
“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!” (Romanos 11.33).
É uma tolice teórica tentar definir e entender Deus somente por meios intelectuais. Quando coloco a necessidade de conhecer as coisas mais profundas de Deus, aponto para um caminho de experiência. Essa trilha percorre a Palavra, mas mergulha na revelação. A própria Palavra de Deus afirma que fomos feitos “ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica” (2 Coríntios 3.6). É este entendimento revelado que nos mostra quem Deus é: um entendimento baseado nas escrituras e em um relacionamento pessoal com Deus.
Como aquela menina, discutindo com Einstein os fundamentos básicos da matemática, nós podemos nos contentar com as promessas e ensinamentos da superfície. Podemos viver para “passar de ano”. Ainda assim, existe um conhecimento na mente do Criador que está disponível para todos. Muitos homens e mulheres de Deus já provaram disso. Alguns não conseguiram explicar o que havia acontecido, mas todos refletiam o brilho da revelação.
“E os judeus maravilhavam-se, dizendo: Como sabes estas letras, não as tendo aprendido?” (João 7.15). Essa pergunta feita sobre o próprio Jesus refletia o assombro de ver um homem simples, ao menos na sua origem terrena, ensinando com maior autoridade e revelação do que os “profissionais da fé”. Esta é a essência da revelação: Ele transforma homens simples em profundos conhecedores da natureza divina.
O mesmo fator que fez com que os homens se espantassem com o conhecimento de Jesus, deixou uma geração de boca aberta com a autoridade dos seus seguidores. Dessa forma, fica claro que esse nível de revelação estava no Mestre e pode ser recebido por qualquer pessoa que decida se tornar um discípulo.
“Então eles, vendo a ousadia de Pedro e João, e informados de que eram homens sem letras e incultos, maravilharam-se e reconheceram que eles haviam estado com Jesus” (Atos 4.13).
O primeiro passo no caminho da experiência é receber uma revelação pessoal de Deus. Essa é a chave para a prática da fé e, consequentemente, para uma vida plena em Jesus. “Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes” disse Jesus em João 13.17. O pré-requisito da bem-aventurança é seguir aquilo que agora entendemos e que passamos a praticar. O problema está em definir o tipo de conhecimento e prática das escrituras. A repetição de versículos bíblicos e uma conduta “robótica religiosa” não são, por nenhum ângulo de observação, uma bem-aventurança. É preciso um conhecimento revelado para uma prática transformadora de vida.
O que Deus quer iluminar nos nossos dias é a necessidade de um retorno a Sua palavra revelada e experimentada. Longe de buscar teólogos e uma teologia completa e racionalmente debatida, Ele quer dar nascimento a uma teologia pastoral ou prática. O que vem a ser isso? É uma teologia que busca a aplicação da Palavra na regeneração, edificação e na educação do homem.
Para que isso aconteça, precisamos entender a revelação e, uma vez tendo absorvido seu conteúdo, ir em direção à prática simples e direta. No fim desse processo de descobrimento de Deus, você acaba se tornando Sua própria mensagem.
Recebendo revelação
A revelação é progressiva. Eu sei que hoje você conhece muito mais sobre Deus do que quando se converteu. Nessa questão, o que define o quanto de revelação divina você já tem é o quanto seu conhecimento de Deus tem impactado seu estilo de vida! À medida que você busca a revelação do Senhor, Ele vai trazendo luz ao seu conhecimento e clareando o entendimento sobre questões importantes. O propósito divino nisso tudo é trazer toda a revelação para a superfície, onde ela poderá mudar a vida de muitos outros.
Para começarmos a entender as coisas de maneira correta, é importante saber que é Deus quem se revela. Ele criou o homem com capacidades intelectuais e espirituais para que Sua criação pudesse conhecê-lo. O Criador sempre teve a “intenção da revelação”. Depois da queda, no Seu plano de salvação, Deus resolveu revelar-se ao mundo em Jesus. São muitas as passagens que falam sobre aquilo que chamaremos de “intenção de revelação divina”.
“Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mateus 11.27).
“E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus” (Mateus 16.17).
“Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus” (1 Coríntios 2.10).
“Certamente o Senhor DEUS não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas” (Amós 3.7).
“As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei” (Deuteronômio 29.29).
Todas essas passagens nos mostram um Deus que disponibiliza a revelação de Sua palavra. Ele está sempre faminto por mostrar-se ao mundo. A palavra “apokalupsis” significa “tirar o véu, descortinar, revelar”. Ela fala daquilo que os céus estão se preparando para fazer no último dia de grande revelação sobre a terra. Sinceramente, penso que Deus deve sentir-se muito feliz com a expectativa de revelar-se por inteiro, em toda glória e majestade, naquele maravilhoso dia.
A intenção do Senhor é tirar o véu de sobre o seu coração e revelar a Sua glória. As marcas de Deus na história das nações mostram um sinal da revelação sobre quem Ele é. Pistas foram deixadas para que pudéssemos seguir e entender o coração divino além do véu.