“Repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor.” (Isaías 11.2)
Por comodismo ou por falta de conhecimento do desígnio de Deus, não são poucos os que limitam a influência do Espírito Santo sobre as vidas dos crentes, simplesmente como Espírito de poder para realização de sinais e prodígios.
Todavia, nem mesmo no texto de Isaías 11.2, onde são citadas as suas principais funções, encontra-se esgotado tudo o que deve ser nomeado como o fruto completo de suas influências e ações.
O texto citado está relacionado à sua operação na própria vida do Senhor Jesus Cristo, em seu ministério terreno, e assim, não se vê ali citado que seria para ele Espírito de regeneração, de santificação, de purificação, porque nosso Senhor não dependia disto, porque não tinha pecado, senão somente nós dependemos, porque somos pecadores.
Todavia, o que se cita em relação ao Senhor, é também aplicável a nós, a saber, a necessidade de sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, conhecimento e temor do Senhor, pela ação do Espírito Santo em nós, porque é evidente que necessitamos de todas estas coisas, bem como de amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, e domínio próprio – o fruto do Espírito.
Quão distantes ficamos portanto, do grande objetivo de Deus em nos ter dado o Espírito Santo, quando limitamos em nosso entendimento a sua área de atuação ao simples mover sobrenatural , especialmente no culto público, por pensarmos que tudo o que devemos receber do Espírito Santo é apenas o poder para operar sinais e prodígios, ou então para a manifestação de qualquer dom sobrenatural, como o falar em línguas ou profetizar. E não são poucos os que consideram tais operações como sendo o máximo ou o clímax da espiritualidade.
Na verdade não somos espirituais por simplesmente possuirmos os dons sobrenaturais relacionados nos capítulos 12 e 14 de 1 Coríntios, a par da sua grande importância, mas por possuirmos as virtudes do amor destacas no 13º capítulo da mesma epístola.
O Espírito Santo nos foi dado para realizar a nossa transformação à imagem de nosso Senhor Jesus Cristo. Para nos fazer crescer na graça e no conhecimento de sua pessoa divina, aumentando em nós em graus cada vez maiores, a sabedoria, o entendimento, a obediência, a força, o conhecimento espiritual e o temor do Senhor. É com isto que seremos também cada vez mais misericordiosos, longânimos, benignos, pacientes, perseverantes, sóbrios, moderados, gentis, amorosos, pacificadores, alegres, fiéis, mansos e possuindo tudo o mais que nos torna efetivamente semelhantes a Cristo, como pessoas que amam a Deus e que são por ele amadas, em íntima comunhão espiritual.
Por isso não se afirma nas Escrituras que o Espírito Santo é apenas Espírito de poder, mas também Espírito de amor e de moderação, 2 Tim 1.7.
E mesmo quando se fala de Espírito de poder, o foco não está associado exclusivamente a operações de sinais e maravilhas, mas sobretudo ao poder de moldar o caráter dos crentes, e para instruí-los na verdade e confortá-los na esperança da sua vocação de terem a sua entrada amplamente suprida no reino de Deus, e ele faz isto não com estrépito, mas com brandura e mansidão, Gál 6.1.
“Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.”, Rom 14.17.
“…e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.” – Ef 4,23.24.
O poder do Espírito Santo é sobretudo usado para nos convencer do pecado, da justiça e do juízo, de modo que possamos ser conduzidos, pecadores que somos, à conversão.
Por isso nos é ordenado que não vivamos apenas no Espírito, por tê-lo recebido na conversão, mas que andemos em santidade no Espírito, ou seja, que sejamos guiados por ele em todo o nosso comportamento, Gál 5.16.