O grande trabalho da cruz em nós se refere à morte gradual do nosso ego carnal, para que possamos aprender a ser sensíveis à vontade de Deus e dirigidos por ela. Para este propósito muito contribui a renúncia a tudo aquilo que chamamos de nossos direitos naturais e legais, nas ocasiões em que formos chamados por Deus a fazê-lo.
Não que seja racional ou justo que sejamos obrigados a aceitar aquelas coisas que pela própria natureza, somos ensinados a tê-las na conta de coisas que não deveriam ser ofendidas ou removidas, como por exemplo, a nossa honra, nossa integridade física e moral, nossos bens adquiridos como fruto do nosso trabalho honesto etc.
Então, não é para ficarmos surpreendidos com o fato de nos ser ordenado por Deus em Sua Palavra que em várias ocasiões específicas sejamos chamados a renunciar a estes bens naturais, e a confiarmos inteiramente a Ele o cuidado pelas nossas almas, para que continuemos em paz e na prática do bem, a par de sermos injustiçados e perseguidos, e ainda, a ter nisto, um motivo para exultarmos e nos alegrarmos.
A um juízo natural e apressado isto pode soar como loucura ou masoquismo, todavia, não há área na qual possamos ser mais provados em nossa obediência e sujeição à vontade de Deus, do que quando somos chamados a sofrer injustiças com paciência, prova de que estamos sendo assistidos pela graça e pelo poder do Espírito Santo, operando em nossos corações, porque de outra sorte, não poderíamos nos comportar da referida forma.
“Porque isto é grato, que alguém suporte tristezas, sofrendo injustamente, por motivo de sua consciência para com Deus. Pois que glória há, se, pecando e sendo esbofeteados por isso, o suportais com paciência? Se, entretanto, quando praticais o bem, sois igualmente afligidos e o suportais com paciência, isto é grato a Deus.” – 1 Pedro 2:19-20
“Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando. Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus.” – 1 Pedro 4:12-14
“Por isso, também os que sofrem segundo a vontade de Deus encomendem a sua alma ao fiel Criador, na prática do bem.” – 1 Pedro 4:19
“Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem;” – Mateus 5:44