(extraído do comentário de II Tes 1)
As aflições que os crentes sofrem não são para serem consideradas como se algo estranho estivesse acontecendo, conforme disse o apóstolo Pedro em relação ao fogo das tribulações que sofremos neste mundo, por causa do nosso bom testemunho de Cristo, como se vê em I Pe 4:12-14.
É preciso ser co-participantes dos sofrimentos de Cristo em favor do evangelho para que sejamos achados dignos do reino de Deus (II Tes 1.5).
Os crentes devem estar atentos ao princípio espiritual relativo ao juízo de Deus, porque não podem considerar o modo pelo qual Deus trata com eles, assim como Ele age em relação aos que são do mundo. Deus não corrige e disciplina os ímpios, senão somente os Seus filhos; então os crentes devem se examinar, se julgar permanentemente, para que não sejam submetidos às correções de Deus.
Veja por exemplo o caso da Igreja de Corinto onde muitos estavam fracos, doentes e morrendo por causa de estarem padecendo debaixo da potente mão do Senhor, em razão do modo desordenado como andavam na Sua presença (I Cor 11.30).
Muitos dos que estavam se arrependendo das visitações do julgamento de Deus através de enfermidades, tribulações e até mesmo da morte física, estavam sendo curados e livrados. Mas os que permaneciam endurecidos na prática deliberada do pecado, permaneceram sofrendo tais visitações dolorosas e alguns chegaram até mesmo a morrerem como consequência destes juízos.
Daí aprendemos que é importante nos humilharmos debaixo da potente mão do Senhor, quando ela está nos corrigindo, emendando o nosso modo de caminhar desordenado, de maneira que o Senhor nos exalte em tempo oportuno, isto é, que nos dê alivio de Suas dolorosas correções, que visam ao nosso aperfeiçoamento espiritual.
Quantos crentes deixam de ser ásperos, frios, violentos, orgulhosos, depois de serem quebrados por estas visitações das correções de Deus, em forma de enfermidades ou qualquer outro tipo de aflição?
No caso de correções aplicadas pelo Senhor, uma vez aprendida a lição, as aflições são removidas; as enfermidades são curadas e o crente passa a ter um caminhar em temor diante do Senhor, sabendo agora o quanto importa dar atenção à Sua vontade e obedecer à Sua Palavra. Evidentemente, nem toda enfermidade e aflição é conseqüência de correções de Deus, e muitas delas têm a finalidade de nos manter dependentes dEle e da Sua graça. Todavia, há muita diferença entre sofrer por motivo de correção por andarmos desordenadamente, e em sofrer por causa de um bom testemunho por causa do evangelho.
Mas, em se tratando de crentes, tanto num caso, quanto noutro, o nome do Senhor será glorificado, e a Sua santidade vindicada através dos justos juízos que Ele aplica ao nosso viver. Quando a fé é provada nas tribulações e é aprovada, ela aumenta, tal como estava ocorrendo com os tessalonicenses.
Quando nos humilhamos nas correções de Deus e suportamos as aflições com paciência; e quando fazemos o mesmo quando somos perseguidos por causa do nosso bom testemunho, tanto num, quanto noutro caso, a fé ganhará porque será purificada e aumentará, de modo que tudo coopera juntamente para o bem dos que amam a Deus porque a Sua poderosa mão está trabalhando para o nosso aperfeiçoamento. Deus se agrada que os crentes suportem com paciência as injustiças que eles sofrem neste mundo.
Não que Deus aprove ou se agrade da injustiça, mas que Seus filhos respondam com paciência, humildade e submissão à Sua vontade, às aflições que eles sofrem injustamente da parte dos homens, por causa do evangelho como se vê em I Pe 2.19-21.
As correções de Deus e os sofrimentos que os crentes padecem neste mundo lhes prepara para uma glória futura que lhes está prometida e já garantida pelo fato de pertencerem a Cristo.
A vida que eles terão no porvir é completamente sem defeito e mancha, porque serão perfeitamente santos e irrepreensíveis, e é por isso que são submetidos à purificação que Deus opera neles em sua peregrinação terrena, através do processo de santificação operada pelo Espírito Santo, mediante aplicação da Sua Palavra, que os aperfeiçoa em meio às suas circunstâncias presentes.
Quanto de humildade, de amor, compaixão, misericórdia e tantas outras coisas se aprende das coisas que sofremos? Deus não é injusto, portanto, ao permitir que os Seus filhos padeçam neste mundo, porque as suas aflições sempre operarão este resultado de serem melhorados como pessoas e lhes habilitará a buscarem mais ao Senhor e a confiarem somente nELe.
Quanto não se aprende sobre orar e clamar nos vales de aflição? Quanto quebrantamento de coração é produzido pelas tribulações? Quanta fortaleza da graça se recebe com os espinhos em nossa carne que nos protegem de sermos dominados pelo orgulho?
Assim, os filhos de Deus nunca estarão fora do controle do Seu justo juízo em relação a eles, para o seu bem, porque nada lhes sucederá que não esteja debaixo da justa avaliação do Senhor das coisas que eles podem suportar ou não; e juntamente com as aflições Ele também lhes proverá o escape (I Cor 10.13).
Pr Silvio Dutra