“No princípio criou Deus o céu e a terra” [Gênesis 1:1 ACF].
Esse é o primeiro versículo da Bíblia, trata do mais antigo momento citado em toda a Escritura e trata do mais antigo momento a que interessa a todos: o início de tudo. O homem anseia por descobrir suas origens; milhões de dólares já foram investidos em pesquisas para descobrir os detalhes que rodeiam esse fato. Mas o que vemos, na verdade, é que há muitas controvérsias rodeando esse fato. Uns acreditam que o Universo surgiu “do nada”, em uma explosão cósmica denominada Big Bang, desencadeando uma série de processos naturais evolucionistas e culminando no mundo que conhecemos hoje. Outros acreditam que houve um Planejador Inteligente, um Deus, que criou tudo e determinou todos os postulados para que chegássemos onde estamos atualmente.
Quero tratar acerca das evidências que me levam a crer na existência de um Planejador Inteligente que criou e organizou tudo aquilo que conhecemos por Universo, seja biológico ou não. Não pretendo nesse artigo, mesmo compondo o bojo de minhas crenças, lançar apologias acerca do Cristianismo, do Protestantismo ou do movimento evangélico. A discussão se fará dentro da problemática da “criação”. Por conta disso, priorizarei o termo “Planejador Inteligente” ao invés de “Deus”, não para desabonar a obra de Deus, mas apenas para não relacionar o artigo a uma apologética cristã. Pretendo, então, apresentar uma crítica às teorias que afirmam a auto-criação do Universo e descartam a plena interferência de um Planejador Inteligente.
Em primeiro lugar, quero expressar minha concordância com as seguintes afirmações:
• Max Plank (físico alemão considerado o pai da física quântica) afirmou que a fé no milagre cederia inevitavelmente terreno ao avanço da ciência; e
• Richard Dawkins (biólogo britânico e um dos maiores militantes do ateísmo atualmente) afirmou que os cientistas algum dia entenderiam o funcionamento do universo e assim eliminariam a necessidade de explicações milagrosa.
Não creio que a concordância com tais afirmações represente alguma negação da obra de Deus. Vemos muitos supersticiosos classificando como milagre aquilo que não conseguem explicar e, para justificar sua ignorância, “jogam a bola” para Deus. Desejo que a ciência evolua a tal ponto que esse tipo de pensamento simplista seja eliminado. Quando chegarmos a esse ponto, poderemos distinguir com clareza as fronteiras da ciência e os verdadeiros atos de Deus. Esses não serão afastados pelo avanço da ciência, pois não se baseiam na ignorância, mas são confirmados pelo peso das evidências científicas e históricas.
Um ponto que deve estar claro para a boa compreensão da ação de um Planejador Inteligente na obra de criação de universo é que as evidências de fatos antagônicos não são provas conclusivas da não ocorrência de algo. Vamos tomar por exemplo a Ressurreição de Cristo: David Hume (grande filósofo e historiador escocês do século XVIII) afirma que as evidências em favor da uniformidade da natureza são tão conclusivas que quaisquer evidências de milagres jamais poderiam suplantá-las e que, portanto, a ressurreição de Cristo não pode ser verdadeira. Esse fato, no entanto, não tem peso para derrubar a tese da ressurreição, pois não evidencia fatos contrários à ressurreição de Cristo, apenas trata da uniformidade da natureza. Todos sabem que os mortos não costumam levantar dos túmulos com frequência, mas esse fato de forma alguma nega que Cristo ressuscitou. Não há contradição alguma aqui. Portanto, evidências evolucionistas de forma nenhuma servem de base para negar a existência de um Planejador Inteligente na criação do universo, pois não há contradição – infelizmente nem os evolucionistas e nem os criacionistas se deram conta desse fato em sua maioria.
O grande filósofo alemão Immanuel Kant propõe, em sua excelente obra “A Crítica da Razão Pura”, diz que toda a nossa intuição, ou seja, a maneira como nos relacionamos com os fenômenos (materiais ou não), possui dois princípios a priori: o tempo e o espaço. Então, filosófica e cientificamente podemos afirmar que o universo (em sua primeira manifestação embrionária) surgiu em algum ponto do passado finito, ocupando certo lugar no espaço. Stephen Hawking (físico britânico e um dos mais consagrados cientistas da atualidade) afirmou, em um artigo chamado The Nature of Space and Time (publicado em 1996 pela Princeton University Press), que “quase todos agora acreditam que o universo, e o próprio tempo, tiveram início no Big Bang”. Como algo não pode simplesmente surgir do nada e pelo nada, tem de haver uma causa que transcende além do tempo e do espaço que trouxe à existência o universo.
Vemos que nem os próprios ateus concebem a crença de que tudo foi criado do nada. Kai Nielsen (um dos mais consagrados ateus da filosofia contemporânea) disse certa vez (em sua obra Reason and Practice): “Suponha que você repentinamente ouça uma forte explosão […] e você me pergunte: ‘O que causou essa explosão?’, e eu responda: ‘Nada, ela simplesmente aconteceu’. Você não aceitaria isso”. O próprio David Hume (famoso cético já citado anteriormente) afirma ser um absurdo afirmar que algo poderia surgir sem uma causa. Podemos, então, afirmar que uma vez que o Universo em determinado momento passou a existir, há portanto uma causa para sua existência, há “algo” que causou sua existência. Isso aponta para um Criador, um Planejador Inteligente.
Mas não apenas o fato da criação do Universo, mas sua complexidade e ocorrência de um conjunto amplo de condições extremamente restritas que possibilitariam sua existência apontam para a ação de um Planejador Inteligente. Nos últimos anos, a ciência descobriu que o Big Bang não foi um acontecimento caótico, mas sim algo muito bem ordenado e que demandou grande quantidade de informação. Stephen Hawking (em sua obra A brief history of time) afirmou que se a taxa de expansão do universo no primeiro segundo após o Big Bang tivesse sido menor em até mesmo “uma parte de cem mil milhões de milhões”, o universo teria implodido em uma bola de fogo. O físico inglês Paul Charles William Davies (em sua obra Other Worlds) disse que as chances das condições iniciais serem inadequadas para a formação das estrelas (e consequentemente dos planetas e da própria vida) é um número seguido de pelo menos “mil bilhões de bilhões de zeros”. Afirma também que se a força da gravidade diferisse em somente “uma parte de dez seguida por cem zeros”, jamais poderia a vida ter existido na Terra. Existem cerca de cinquenta constantes e quantidades que devem ser balanceadas em um grau matemático infinitesimal para que qualquer vida seja possível. É impossível, dado esse cenário, conceber que tudo foi criado ao acaso; a precisão matemática da ocorrência de todos dos muitos fatores que condicionam a criação do Universo e da vida é tão precisa que atingimos uma situação chamada de “probabilidade especificada”, onde o acaso é eliminado acima de qualquer dúvida razoável. Isso tudo aponta para a existência de um Planejador Inteligente na criação.
O mesmo Planejador Inteligente que esteve presente na criação do Universo esteve por trás da criação da vida. E da mesma forma, muitas teorias tentam negar esse fato afirmando que a vida surgiu de uma reação bioquímica espontânea. Em 1924, o bioquímico russo Alexander Oparin afirmou que as combinações moleculares complexas e suas funções vitais surgiram a partir de moléculas mais simples que pré-existiam na Terra original. Em 1928, John Burdon Sanderson Haldane, geneticista e biólogo britânico, afirmou que a luz ultravioleta, atuando na atmosfera primitiva da Terra, fez com que os açúcares e os aminoácidos se concentrassem nos oceanos, fazendo com que a vida emergisse dessa “sopa pré-biótica”. Contudo, conforme o próprio Alexander Oparin, a atmosfera da Terra nessa época deveria necessariamente ser composta de amônia, metano e hidrogênio para que existissem condições da vida surgir conforme teorizado. No entanto, esse cenário nunca foi comprovado. Os cientistas idealizaram um cenário hipotético para sustentar suas teses, preparando-o de antemão no intuito de obter os resultados desejados. Mas a partir de 1980 os cientistas da NASA (agência espacial norte-americana) mostraram que a Terra primitiva tinha sua atmosfera composta por água, dióxido de carbono e nitrogênio. E esse cenário não tem condições de sustentar a teoria de que a vida surgiu espontaneamente pela reação de açucares e aminoácidos, como tem sido afirmado.
Muitos afirmam que a vida na Terra teria vindo do espaço, de uma civilização mais avançada que teria enviado compostos orgânicos para nosso planeta, ou simplesmente de meteoritos que teriam caído aqui com tais compostos. Em minha opinião pessoal, acho uma ideia absurda e não vejo como isso pode ser mais plausível do que crer na existência de um Planejador Inteligente; ter que recorrer a “homens do espaço” para tentar negar a existência de um Criador é, a meu ver, sinal de desespero para quem não quer acreditar na verdade. Além do mais, essa teoria não resolve o problema da criação da vida, mas apenas transfere o problema para “outro planeta”.
Até agora os cientistas não chegaram a uma conclusão acerca da origem da vida. Tentam teorizar muita coisa, mas quanto mais estudam mais veem o tamanho do problema da origem da vida e mais veem o quanto estão longe de uma explicação natural para isso. Se não há uma explicação natural, nem sequer uma possibilidade de encontrá-la, penso ser pertinente considerar uma explicação sobrenatural. Com base em todas as evidências até então encontradas, o mais razoável é crer na ação de um Planejador Inteligente na criação do Universo e da vida.
Considerando todas as evidências encontradas até agora no tocante à criação da vida e do Universo, aqueles que acreditam que o Universo e a vida surgiram do nada, de forma espontânea, precisam ter muito mais fé do que aqueles que concluem racionalmente que existe um Planejador Inteligente.
“Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele” [Colossenses 1:16-17 ACF].