A grande arma da religião contra o ser humano é a proibição do pensar – a idade média e o clero são minhas testemunhas. Com medo dos frutos percebidos, oriundos de uma relação “singela” com Deus, a idéia religiosa é: pensar a fé é atitude de incrédulo, cabe ao seguidor apenas obedecer.
A teologia, ciência eleita pelo homem para promover o conhecimento do caráter de Deus, através de seus atos revelados nas Escrituras Sagradas, tem sofrido muito nas mãos da sanguinária religião – até mesmo daqueles que falsamente se dizem, da teologia, grandes aliados. Alguns dizem que todos podem pensar, mas, deve-se obedecer aos limites e outros são mais radicais ao dizer que a fé não pode ser pensada apenas “experimentada”.
Pressupõe-se que fé é acreditar naquilo que se entende por verdadeiro, por exemplo: creio em Cristo, pois acredito ser Ele o Filho de Deus e salvador da humanidade. Ora, como podemos saber, ou ao menos crer naquilo que é verdadeiro, se não pelo viés da cognição (conhecimento).
Mas, como nasce o conhecimento? Há apenas duas respostas, ou melhor, uma resposta composta por dois elementos: Experiência e raciocínio. Toda experiência deve ser raciocinada, tão logo, todo raciocínio deve, de preferência, ser experimentado. Já dizia Jesus: “Conhecereis (raciocínio) a Verdade e a verdade vos libertará (experiência)”. (Evangelho de João, capítulo 8, versículo 32).
Um grande problema do homem é que ele, como um ser dotado de sentidos, e pós – modernamente falando, um ser altamente sentimental, prefere o sentir em detrimento do pensar – o caminho dos sentidos é mais benéfico, mais gratificante, ou seja, um caminho mais fácil para se alcançar um objetivo – o primeiro casal do mundo, também sofreu com tamanha problemática humana – porém, seus efeitos são péssimos, ainda que os sentidos estejam bem treinados, simplesmente por serem humanos.
Outro “defeitinho” é o cinismo; digamos que “naturalmente” o ser humano é cínico.
Os fariseus são o modelo ideal de pessoas cínicas (sepulcros caiados); a religião invés de “anular” o cinismo do homem, tornando-o num ser mais “transparente”, faz dele ainda mais cínico. É o famigerado jeito de ser promovido pela aparência, é o estar sem estar, sentir sem sentir, acreditar sem acreditar, ou seja, uma vida definitiva e genuinamente hipócrita.
Portanto, as perguntas não se calam: Por que a religião teme o conhecimento e/ou Por que a teologia é tão agredida pela religiosidade? A resposta é simples e inteligente, porque ela, a religião, é um produto humano, portanto, melhor é sentir, ou ao menos, fingir que se pensa, do que realmente pensar.