A paz sobre a qual discorreremos não é uma paz externa, decorrente de ausência de problemas circunstantes, mas a paz interior e espiritual, que é fruto da operação do Espírito Santo em nossos corações. Esta paz interior nos liberta de inúmeros inimigos de nossas almas, como estados de amargura, ódio, medo, tensão, ansiedade, dentre outros.
Onde houver paz interior em nossos corações ela prevalecerá sobre as mais diversas situações de falta de paz externa ao nosso redor.
O maior inimigo que pode furtar a nossa paz interior é o próprio pecado que habita em nossa velha natureza. Se não for mortificado diariamente, não podemos desfrutar aquela vida e paz que procedem do Espírito Santo, conforme se afirma em Rom 8.6-13.
A culpa que provém do pecado pesa sobre a consciência e se torna um fardo insuportável, porque uma boa consciência funciona como um tribunal instalado por Deus em nós, aprovando o que é certo e condenando o que é errado.
De modo que não podemos experimentar a paz de Cristo enquanto a consciência não for purificada pela confissão e abandono de todo tipo de pecado que tivermos praticado seja por pensamento, atos ou omissões, contrários à verdade revelada nas Escrituras.
Isto se faz necessário porque Cristo é inteiramente santo, e não podemos estar em harmonia espiritual com ele caso não levemos o pecado a sério. Ele nos considerará puros de coração, ainda que imperfeitos, caso encontre em nós esta disposição de não darmos guarida a qualquer pecado que seja.
Para termos paz e tranquilidade de mente necessitamos ser perdoados por Deus; e não há melhor modo de se obter o seu perdão do que buscarmos ter uma comunhão sincera com ele, observando os seus mandamentos, especialmente o que se refere a também perdoarmos os nossos ofensores, como Deus tem perdoado, por causa da nossa fé em Jesus Cristo, as nossas próprias ofensas contra a sua justiça, em decorrência de sermos pecadores.
Assim, esta paz interna é fruto da justiça de Deus quando a mesma é vindicada e satisfeita. E isto sempre é feito por meio da nossa identificação com Jesus, pela fé, porque foi ele quem vindicou e satisfez plenamente a justiça divina quando morreu na cruz carregando sobre si mesmo os nossos pecados.
É por isso que estando justificados pela fé temos e podemos ter paz com Deus, como se afirma em Rom 5.1. Porque somos reconciliados com ele por causa da justificação que obtivemos por meio da fé em Cristo.
Não podemos ter paz interior separadamente de Deus, porque é o próprio Jesus Cristo esta paz. Ela é o resultado da nossa comunhão com ele, pois a desfrutamos como o resultado de estarmos naquele que é o Príncipe da paz. Seu Espírito comunica a paz ao nosso espírito e mente, e nada pode nos abalar enquanto permanecemos na citada comunhão. Nem mesmo todos os poderes do inferno.
É a esta verdade que nosso Senhor se refere no evangelho quando diz que nos deixa a sua paz de modo inteiramente diferente da paz que o mundo pode dar, atuando nas circunstâncias exteriores, enquanto que a paz de Jesus é comunicada sobrenatural e diretamente, como um poder, aos nossos espíritos e mentes.
Assim a paz interior é um dom de Deus, e que ninguém mais pode dar, João 14.27.
A paz que o mundo dá pode ser tirada pelo próprio mundo, mas a de Jesus não pode ser tirada nem por tribulações, ou tentações ou pelo próprio Satanás.