Coisa alguma que Deus nos dá é sem valor. Nada, absolutamente nada que o Pai tem nos oferecido é em vão; tudo tem proveito e utilidade. Em sua grandiosa graça, ele nos concede suas dádivas com a finalidade de extrairmos os benefícios. O falar em línguas não é coisa sem importância. Ele foi dado para o nosso bem, para a nossa edificação. Nesta prática há benefícios que transformam nossas vidas.
A maioria dos crentes que já foram batizados no Espírito Santo e passaram a falar em línguas, ainda não compreendeu o que receberam de Deus. Os conceitos são diversos, mas a grande maioria não vê um propósito no uso contínuo da linguagem sobrenatural de oração do Espírito Santo.
Se quem fala em línguas já não vê um motivo claro para isto, o que esperar daqueles que ainda não falam? Mas quando a Igreja começar a enxergar o sublime propósito desta dádiva de Deus, haverá um anseio maior pela manifestação do falar em línguas.
Já é tempo de compreendermos que mediante o uso das línguas podemos enriquecer nossa vida espiritual, edificando-nos a nós mesmos. Há bênçãos e vantagens a serem desfrutadas no uso desta prática. E sei que o apóstolo Paulo não pensava de forma diferente, pois chegou a ponto de declarar: “Dou graças ao meu Deus, que falo em línguas mais do que todos vós.” (1 Co.14.18)
Caso não houvesse proveito algum nas línguas, será que Paulo agradeceria a Deus por isso? Você acha ainda que ele as usaria tanto, como ele enfatiza ao dizer que o fazia mais do que todos os coríntios? E olhe que os corintos falavam mesmo em línguas! Havia um uso intenso nesta igreja, que chegou até mesmo a transformar-se em abuso, que foi um dos motivos que fez com que o apóstolo escrevesse corrigindo-lhes.
Note que ele não disse que falava em línguas mais do que eles no sentido de diversidade, mas a ênfase recai no valor da prática, o que claramente aponta para a quantia de tempo que ele investia nesta atividade. E por que agradecer a Deus por gastar tanto tempo falando em línguas? Está implícito que Paulo descobrira “uma mina de ouro”, uma fonte de poder e edificação! Como ele mesmo afirmou: “O que fala em línguas, edifica-se a si mesmo…” (1Co. 14.4.)
O falar em línguas é um instrumento de edificação. Edificar é construir, fazer crescer, levantar algo. Do ponto de vista espiritual edificação significa crescimento; fala de construir algo mais sobre o alicerce da fé em Jesus. O falar em línguas acrescenta em nós, de forma paulatina, tudo o que necessitamos para o nosso andar em Deus.
A OBRA DO ESPÍRITO SANTO
Ao falar da linguagem sobrenatural de oração do Espírito Santo, é preciso que fique bem claro que há “uma sociedade” nesta manifestação. O Espírito Santo não fala em línguas, somos nós que o fazemos; mas por outro lado, não falamos de nós mesmos, somente o que o Espírito do Senhor nos inspira a falar. Se uma das partes desta sociedade faltar, não haverá a manifestação.
Partindo, portanto, deste princípio, tenhamos em mente o momento em que esta manifestação inicia nas nossas vidas: quando recebemos o batismo no Espírito Santo. É exatamente neste momento, quando somos cheios do Espírito e encontramo-nos totalmente rendidos a ele, sob sua plenitude, que passamos a falar em línguas.
Mas por que ao sermos cheios do Espírito falamos numa linguagem diferente? Qual o valor desta manifestação? Qual é a dimensão da edificação que se dá em nosso íntimo?
O falar em línguas faz parte do propósito de Deus para as nossas vidas. É a ferramenta que o Espírito Santo usa para trabalhar em cada um de nós de forma mais profunda.
O falar em línguas vai produzir em nossas vidas a totalidade do ministério do Espírito Santo. A linguagem sobrenatural de oração é uma ferramenta do Espírito de Deus para realizar em nós sua obra. E há um motivo especial porque o Espírito Santo toca justamente em nossa fala a partir do momento que vem sobre nós.
A fala é um ponto estratégico, e o Espírito Santo não toca exatamente nesta área em vão. Tiago falou sobre o poder da fala:
“Pois todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, esse é homem perfeito, e capaz de refrear também todo o corpo. Ora, se pomos freios na boca dos cavalos, para que nos obedeçam, então conseguimos dirigir todo o seu corpo. Vede também os navios que, embora tão grandes e levados por impetuosos ventos, com um pequenino leme se voltam para onde quer o impulso do timoneiro. Assim também a língua é um pequeno membro, e se gaba de grandes coisas. Vede quão grande bosque um tão pequeno fogo incendeia. A língua também é um fogo; sim, a língua, qual mundo de iniqüidade, colocada entre os nossos membros, contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, sendo por sua vez inflamada pelo inferno. Pois toda a espécie tanto de feras, como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se doma, e tem sido domada pelo gênero humano; mas a língua, nenhum homem a pode domar. É um mal irrefreável; está cheia de peçonha mortal”. (Tiago 3.2-8)
A ciência tem descoberto em nossos dias o que há dois milênios atrás o Espírito Santo já havia revelado a seu povo: que o sistema nervoso da fala influencia todo o corpo. Mas além da influência natural, a Bíblia está mostrando que a fala tem também uma influência espiritual; mostrando que quem estará no controle será sempre Deus ou o diabo.
Qual a causa do Espírito Santo controlar justamente esta área tão estratégica de nossa vida ao encher-nos com seu poder? É porque por meio da fala ele poderá ampliar seu domínio em nós, e trabalhar com maior eficácia na execução do seu ministério!
O Espírito Santo trabalha nos homens. Desde o Velho Testamento ele faz isto (Gn 6.3). Ele convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8). O Espírito Santo está trabalhando neste exato momento, nos quatro cantos da terra, mesmo naqueles que ainda não conhecem a Deus. Entretanto, ele NÃO MORA DENTRO dessas pessoas, e elas nem sequer o conhecem, como declarou o Mestre bendito:
“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro ajudador, para que fique convosco para sempre, a saber, o Espírito da verdade, o qual o mundo não pode receber; porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque ele habita convosco, e estará em vós”. (João 14.16-17)
Aleluia! Nós o conhecemos e ele habita em nós. Portanto, seu agir nas nossas vidas é muito mais profundo do que naqueles que ainda não são cristãos. Você imagina o quanto ele não vai agir em nós?
Ele veio habitar em nós para cumprir a parte que lhe toca no propósito divino. Quando Paulo escreve a Timóteo, fala do bom depósito em nós (2 Tm 1.14); ou seja, há um investimento de Deus em nossas vidas! O propósito de Deus ao enviar o Espírito Santo para habitar em nós foi para que ele produzisse algo em nossas vidas.
E saiba, com certeza, que o Espírito Santo não quer permanecer inativo. Habitar em você é parte do trabalho dele, e à medida que você se rende, o agir dele vai tornando-se cada vez mais intenso. O Espírito de Deus está em você para realizar a parte dele no propósito eterno de Deus; veio concluir a obra da redenção, pois esta é a parte que lhe cabe na ação da Trindade.
O PAPEL DO ESPÍRITO SANTO NA REDENÇÃO
O arrependimento começa no homem por uma ação divina. Sabemos disto porque Paulo disse aos romanos que é a bondade de Deus que nos conduz ao arrependimento (Rm 2.4). E quem está por trás disto? É o Espírito Santo; Jesus disse: “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça, e do juízo.” (Jo 16.8.)
Após o arrependimento, quando o homem exerce a fé em Jesus e na obra da cruz, é o Espírito Santo quem faz com que isto se torne realidade nele. Por isso se diz que ao nascer de novo, o homem é nascido do Espírito (Jo 3.6). E na carta a Tito lemos acerca do lavar da regeneração do Espírito Santo (Tt 3.5), o que mais uma vez aponta para a atuação do Espírito na aplicação da redenção no homem.
Mas isto é apenas o começo. O reino de Deus tem três etapas básicas pelas quais o homem deve passar: porta, caminho e alvo. A porta é a entrada por meio de Jesus Cristo. O alvo é a chegada à estatura do varão perfeito e à glória celestial. E entre a porta e o alvo, o que restou é o caminho. O Espírito Santo não apenas nos faz passar à porta, mas é quem leva-nos até o alvo, e para isto usa o caminho.
O caminho é o período onde experimentaremos o tratamento de Deus em nós na vida cristã; é o meio pelo qual se vai ao alvo. E tudo isto é responsabilidade do Espírito Santo; é ele quem nos transforma de glória em glória na imagem do Senhor (2 Co 3.18), produz em nós seu fruto (Gl 5.22-23), e leva-nos a andar e viver nele (Gl 5.25).
A Nova Aliança é chamada por Paulo de O MINISTÉRIO DO ESPÍRITO (2 Co 3.8), mostrando-nos seu papel de produzir em nós a obra de Deus. O Espírito Santo veio concluir a obra da redenção; é por isso que ele está em nós. E trouxe consigo uma linguagem de oração, para que por meio desta linguagem possa nos influenciar, uma vez que nossa língua é um meio tão estratégico para isto; pois como disse Tiago: se a língua do homem for controlada, com ela todo o ser da pessoa será também influenciado!
É necessário ressaltar que este toque na língua não é “mágico”, precisamos sujeitá-la a cada novo dia. Não é apenas falar em línguas ocasionalmente, ou no dia do batismo no Espírito, mas dia-a-dia, de forma constante e perseverante.
Mas o benefício divino desta linguagem está longe de ser apenas este, uma vez que não se trata apenas da língua estar sob controle, mas sim O QUÊ ela fala quando está sob controle do Espírito Santo. É preciso esclarecer que além do toque estratégico justamente na nossa fala, o Espírito nos leva a falar numa linguagem sobrenatural; e é O QUE FALAMOS sobrenaturalmente que produz os benefícios.
Além de sujeitar-se ao Espírito do Senhor, de entrar nos seus domínios por meio da prática diária da oração em espírito, você também experimentará:
1. Conhecimento por revelação.
2. A edificação da fé.
3. Vitória sobre a carne.
4. Cumprimento da vontade de Deus.
5. Sensibilidade espiritual.
6. Perfeito louvor.
7. Intercessão.
São áreas pertencentes ao ministério do Espírito Santo e que serão trabalhadas mais profundamente em nossas vidas por intermédio do uso desta ferramenta. Passemos então a analisar cada um destes benefícios maravilhosos que Deus nos tem oferecido…
(extraído do livro “O FALAR EM LÍNGUAS – A Linguagem Sobrenatural de Oração”, de Luciano Subirá e publicado pela Orvalho.Com)