A palavra amor é entendida em múltiplos significados, mas focaremos o nosso interesse, no momento, em discorrer somente sobre o amor que é um dos principais atributos de Deus e que pode ser comunicado a nós por meio da fé em Jesus Cristo.
O apóstolo Paulo se refere a este amor, que é designado na Bíblia, no original grego, pela palavra ágape, como sendo o dom mais duradouro, precioso e importante que é concedido por Deus aos homens.
De forma que ainda que tivéssemos toda a fé, todo o conhecimento, todas as riquezas, e até mesmo todos os dons sobrenaturais extraordinários do Espírito Santo, e não tivéssemos este tipo de amor, nada nos aproveitaria; nada teríamos de fato e nada seriamos para Deus.
De tal maneira o amor está vinculado à natureza mesma de Deus, que as características que são apontadas por Paulo em I Coríntios 13 como sendo pertencentes ao amor, são atributos que definem a personalidade daquele que as possuem – paciência, longanimidade, fé, esperança, alegria com a justiça etc.
Deus é espirito e definido em Sua natureza como sendo o próprio amor ágape. Assim, se não somos participantes deste amor, estamos separados da vida de Deus, e, por conseguinte, mortos espiritualmente (I João 3.14).
Somos convocados a obter e a fazer aumentar mais e mais este amor em nós, pela justa cooperação e união com todos os demais membros do corpo de Cristo, porque é nisto que se cumpre o propósito eterno de Deus em nossa criação.
Não fomos criados para a individualidade e para gastarmos a vida apenas com nossos próprios interesses, mas com os de Deus e o de muitos. Este amor ágape não é então, mero gostar ou sentimento, mas, sobretudo ações direcionadas a servir a Deus e ao próximo, especialmente aos domésticos da fé.
Amor que impõe renúncias, trabalhos, sofrimentos, indo-se à fonte de onde procede – Jesus – para buscar renovados suprimentos da Sua graça, pela qual possamos servir uns aos outros.
Amor sobrenatural, que nos é concedido como resposta às orações – nossas e da Igreja.
É este amor ágape que devemos obter e nele crescer, porque não é algo propriamente de nossa natureza, mas um dom celestial, sobrenatural, e espiritual. Na verdade, o primeiro e grande fruto do Espírito Santo relacionado por Paulo, na epístola aos Gálatas.
Como poderíamos amar os nossos inimigos, conforme é necessário para que sejamos imitadores de Cristo, sem estarmos revestidos do amor ágape, a saber, do próprio amor de Deus?
O amor que é fruto do afeto natural (fileo) seria suficiente para isto?
Sendo um amor de edificação, de construção do caráter divino em nós, o amor ágape sempre é impelido para instruir, corrigir, repreender e disciplinar mutuamente a todos os que o possuem, e daí vemos nosso Senhor afirmar no livro de Apocalipse que Ele repreende e disciplina a todos que ama.
Em consequência disso, o amor ágape é santificador, pois nos conduz a batalhar para que a vontade de Deus seja feita, não somente em nossa própria vida, mas também nas daqueles aos quais amamos com este mesmo amor – o amor do novo mandamento de Jesus, com o qual devemos nos amar mutuamente.
Tanto isto é verdadeiro que onde a iniquidade se multiplica o amor esfria. Onde o amor não cresce, ele diminui.
Por isso necessitamos nos esforçar em viver segundo as ordenanças de Deus, para que o nosso amor aumente progressivamente.
Nisto compreendemos, porque Jesus disse que O amamos se guardarmos os Seus mandamentos. O simples amor fileo, de afeto natural pode não ser santificado e até mesmo se opor ao amor de Deus, como por exemplo, uma mãe que a pretexto de amar o filho, não permite que o pai o discipline nos caminhos do Senhor.
Diz-se desse amor ser o vínculo da perfeição, o cumprimento da Lei, o meio pelo qual a fé atua, e portanto, é por meio dele que se cumpre o propósito eterno de Deus de ter muitos filhos semelhantes a Cristo.
Daí a importância de que todos os crentes cresçam neste amor, conforme dizer do aposto em Efésios 4.15,16:
“antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si mesmo em amor.”
À luz de tudo o que foi dito podemos entender qual é a principal causa de não viverem em unidade amorosa e fraterna os crentes de determinadas congregações, e isto ao longo de toda a história da Igreja, conforme vemos nosso Senhor Jesus Cristo repreendendo a Igreja de Éfeso citada em Apocalipse 2.4, por ter deixado o primeiro amor.
O mal que lhes afetou é o mesmo que pode afetar a todas as igrejas: não crescerem na graça, no amor, na fé e na piedade, principalmente no amor, pois como vimo antes, onde falta o amor, prevalece a iniquidade.
Pr Silvio Dutra