Deleitemo-nos apenas no Senhor e no puro prazer de fazer a Sua vontade e conheceremos na prática o quanto Ele se deleitará em nós, concedendo liberalmente das Suas graças e dons, e o melhor de tudo, da Sua própria companhia.
Um coração puro virá a conhecer e a entender os mistérios profundos de Deus. As verdades da Bíblia serão abertas pelo Espírito a um tal coração. O brilho da glória do evangelho estará estampado na face de tal pessoa como uma marca do agrado de Deus em relação a ela. E o real conhecimento progressivo da majestade de Deus tornará tal pessoa cada vez mais humilde perante Ele, e agradecida, e não orgulhosa dos dons e graças que tiver recebido.
Como Paulo poderemos então dizer: “9 E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.
10 Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.” (II Cor 12.9,10).
Assim não é simplesmente saber estas coisas que importa e que tem alguma eficácia, senão praticá-las, porque é o seu cuidado e diligência em guardar seu coração que provarão ser uma das melhores evidências da sua sinceridade para com Deus.
Não há nada melhor para distinguir os verdadeiros ministros de Deus dos falsos, do que isto. Não é o saber a doutrina correta nem mesmo ensinar a doutrina correta que é de algum valor para Deus, senão o praticá-la, e isto não será possível de ser feito com um coração impuro, com um coração que não tem sido guardado em santidade verdadeira, produzida pelo Espírito mediante aplicação da Palavra de Deus em nossas vidas.
E esta pureza a que nos referimos é evangélica, ou seja, não está baseada em nossa perfeição absoluta, porque até mesmo isto é impossível de ser obtido neste mundo, mas na graça do evangelho que perdoa as nossas transgressões, e que inclui a nossa humildade em nos reconhecermos necessitados de Deus, reconhecedores da Sua justiça e santidade, e por outro lado, da nossa fraqueza inata, de modo que esta pureza evangélica inclui a nossa tristeza por sermos portadores de tal natureza que nos leva a pecar, mesmo quando detestamos o pecado.
O grande problema então para com aqueles que devem viver em pureza não é tanto a capacidade deles para se manterem puros, porque na verdade, não a possuem, pois isto é recebido diretamente da graça e poder de Cristo, mas a desconsideração do perigo de um viver mundano e pecaminoso, pela banalização do mal.
E como isto é comum nestes nossos dias, de um cristianismo falso e superficial que está espalhado por todas as partes do mundo, especialmente em países fortemente influenciados pela cultura moderna norte-americana, como é o caso do Brasil e de muitas outras nações.
O pecado tem sido banalizado a tal ponto, que as coisas que Deus abomina e das quais afirma que despertam a Sua ira em juízo, são aceitas como coisas normais pela maioria dos crentes de nossos dias. E como poderão cultivar um coração puro, e sensível para com o mal do pecado que deve ser evitado, quando sequer conseguem identificar mais o que seja pecado neste mundo perverso de trevas?
As pessoas não devem ser desencorajadas a ponto de se sentirem incentivadas a se afastarem de Cristo, mas não é lícito esconder delas que não terão verdadeiro contentamento em Deus enquanto procurá-lo somente para resolverem seus problemas cotidianos. Que elas venham buscar soluções para os seus problemas, mas que não se esconda delas que há um problema que geralmente é a causa de tudo o mais que nos torna insatisfeitos com nossas vidas e com Deus, que é a falta de diligência em guardar o nosso coração na presença do Senhor.
Devemos fazer valer a nossa fé no sangue de Jesus para sermos perdoados e purificados. E isto faremos pelo exercício constante da confissão dos nossos pecados.
Sem verdadeira submissão a Deus nunca venceremos a batalha, porque é Ele quem a vence em nós e por nós. E como Ele fará tal coisa enquanto resistimos à Sua vontade?
Decida-se a andar com o Senhor na luz da Sua verdade e não pense em voltar atrás. Porque somente os que lançam a mão do arado e continuam caminhando olhando para a frente é que são dignos da Sua presença e trabalho nos seus corações.
O nosso envolvimento contínuo com os assuntos que são do interesse de Deus, relativos à Sua obra, fará o trabalho de guardar o nosso coração, porque é para aqueles que se aplicam à prática das boas obras que a graça é concedida para vencerem a natureza terrena pecaminosa e serem revestidos do poder sobrenatural do Espírito para fazer o que é agradável a Deus, e bom para o nosso próximo.
Pr Silvio Dutra