Eu havia acabado de comprar um CD* e comecei a escutá-lo já no carro em direção a minha casa. Uma das músicas que me chamou mais atenção, dizia mais ou menos assim: “Eu preciso dizer como é difícil admitir que eu preciso de alguém que me faça feliz. Quantas vezes errei, pensando que encontrei alguém. Mas traído eu fui pelo meu coração”. No momento em que ouvi, em pensamento comecei a conversar com Deus. Na verdade, com um tom de indignação, pensei: “Porque será que é tão difícil encontrar a pessoa certa e ser feliz? Porque o Senhor permite que essas pessoas “erradas” passem em nossas vidas e nos façam sofrer?” Provavelmente teria continuado um bom tempo com as minhas lamúrias, até que ouvi a segunda parte da música que dizia: “Então me veio na lembrança que eu sou o melhor de Deus. E nasceu uma esperança de que eu terei o melhor”. Neste momento, as coisas começaram a melhorar e aquilo que era uma reclamação se transformou em um sentimento de alegria, pois pensei: “Deus tem o melhor para mim!” A partir daí tomei posse daquela palavra e passei a ouvir a música continuamente.
Em uma dessas ocasiões, foi como se ouvisse em meu espírito: “Preste atenção naquilo que você está cantando”. Comecei então a escutar a música com mais atenção, mas continuava com o mesmo pensamento: “Deus tem o melhor para mim! É isso!”. No entanto aquela voz não quis calar e ouvi novamente: “Preste atenção naquilo que você está cantando”. Então, naquele momento foi como se alguém tivesse tirado tampões de meus ouvidos e me fizesse realmente entender o sentido daquela frase: “Então me veio na lembrança que eu sou o melhor de Deus. E nasceu uma esperança de que eu terei o melhor”. O compositor, de forma muito sábia e inspiradora diz que lembrou que era o melhor de Deus e, por isso, teria o melhor. Neste momento entendi que o ponto principal não eram os relacionamentos ruins que já posso ter tido algum dia, nem mesmo as promessas de Deus para mim – que com certeza são as melhores – mas sim, a condição que existe para vivermos o melhor de Deus. O raciocínio do compositor é simples: ora, se tenho sido o melhor de Deus, logo terei o melhor de Deus. Porém, a reflexão que veio a minha mente foi: “será que eu tenho sido o melhor de Deus?”.
Atualmente temos as mídias em geral tão atraentes e com tamanha facilidade de acesso que nos permitem passar horas diante da televisão assistindo programas, propagandas, novelas, filmes que nos incentivam a ter e desejar de nosso parceiro um corpo escultural, muito dinheiro, carros, bens, etc. Da mesma forma, as roupas que vestimos têm que estar na moda e serem o mais sensual possível. Um outro veículo de comunicação é o rádio, em que podemos constantemente ouvir músicas que mexem com nossas emoções, nos fazendo muitas vezes querer ser algo que não somos ou ter algo (ou alguém) que não temos. Se analisarmos, a maior parte das letras das músicas são altamente ricas em sensualidade. Por fim temos a internet, que é uma das principais ferramentas utilizadas para entretenimento. Por meio dela, com apenas um “click” podemos encontrar literalmente qualquer coisa. E nesse mundo onde tudo é possível, o fascínio pelo proibido se torna cada vez maior.
Neste contexto, mais uma vez me veio a pergunta: “Será que eu tenho sido o melhor de Deus?” Diante de tantas possibilidades que o mundo nos oferece, seja com as imagens ou personagens que vemos na televisão, seja com as músicas que ouvimos numa rádio ou aquilo que acessamos na internet, a verdadeira santidade é se posicionar como alguém que não precisa disso para ser feliz, alguém que quer manter seu corpo e sua mente sã. Até mesmo nos relacionamentos com colegas de trabalho, do colégio ou faculdade, as formas com que tocamos em alguém ou permitirmos que nos toquem revela se realmente temos nos preservado. As palavras, pensamentos e atitudes que tomamos a cada momento, são oportunidades de declararmos a quem servimos. A Bíblia diz para fugirmos da imoralidade sexual, que é pecado contra o nosso próprio corpo (I Cor. 6:18) e o desejo de Deus é que mesmo diante de tantas oportunidades de pecarmos, ainda assim continuemos firmes no Senhor, sabendo em quem temos crido e que viveremos o melhor de Deus!
Aquilo que buscamos em alguém que queremos ter como parceiro, normalmente será aquilo que ele buscará em nós. Se eu busco namorar, noivar ou casar com alguém “sarado”, com um corpo malhado, provavelmente quando eu encontrar tal pessoa, ele também estará buscando uma pessoa “sarada”, com um corpo malhado e escultural. Da mesma forma, se eu busco um relacionamento com alguém que seja o melhor de Deus para mim, ou seja, alguém que tenha se santificado, quando eu o encontrar, ele também vai querer ver em mim o melhor de Deus para ele. Sabemos obviamente que o nosso Deus não é um deus vingativo, ao contrário, a Bíblia revela que Ele é longânimo e tardio em irar-se (Joel 2:13), por isso não creio que por termos cometido erros no passado necessariamente não viveríamos o melhor de Deus. Ele nos perdoa de todos os pecados se os confessarmos (I João 1:9). Também não acredito que precisamos ser perfeitos, até porque não existe um justo sequer, todos pecaram, diz a Palavra do Senhor em Romanos 3:23. Mas aquilo que o Senhor pede de nós é que sejamos santos assim como Ele é santo (I Pedro 1:15). Normalmente pensamos que ser santo significa ser perfeito, mas na verdade, santidade não é perfeição, mas sim a alegria de não viver em pecado. Nesse sentido, vejo que é seja exatamente isso que Deus quer ver em nossas vidas, esse desejo de não pecar, de nos esforçarmos em fazer aquilo que é correto diante dos Seus olhos. Enfim, de vivermos de uma forma íntegra em nossos relacionamentos, mesmo não estando necessariamente com alguém. Devemos ser o melhor de Deus, mesmo que esse alguém ainda não esteja ao nosso lado, pois quando o encontrarmos, ele saberá que somos o melhor de Deus para ele.
Em Cristo.
Denise Cortazio
* CD The Family (2004) – Música: Melhor de Deus.