Outro dia eu estava relendo Marketing of Evil e, mais uma vez, constatei como o livro é bom e suscita debate e reflexão. Quem é cristão e adora apologética não pode deixar de ler. Assim, decidi não apenas fazer uma resenha comentada para meus leitores, mas levantar algumas bolas na área para ver se alguém chuta a gol…
Nas palavras do próprio autor, David Kupelian: “Eu chamei meu livro de Marketing do Mal porque é exatamente disto que ele trata: como filosofias, comportamentos e hábitos que esta nação – Estados Unidos – desde sempre abominou foram nas últimas três ou quatro décadas rearranjados, perfumados e embrulhados para presente de forma a serem vendidos para o povo americano como se fosse algo de valor”.
David Kupelian mostra como o marketing do mal ataca nossos sentimentos mais nobres e os usa a seu favor. Por exemplo, na propaganda de Marlboro, vemos o cowboy representando o espirito de liberdade e a coragem. Contudo, estes sentimentos são explorados e de tal maneira conduzidos que o americano médio é levado a afirmá-los não de uma forma construtiva, mas na compra de um pacote de cigarros na esquina mais próxima. Os exemplos são muitos, basta olhos para ver.
The Marketing of Evil descasca a maça reluzente representando a sociedade americana e revela o seu miolo pobre e fedorento mostrando como os americanos passaram a tolerar, a adotar e a até premiar comportamentos e crenças que teriam horrorizado seus pais e avós. O livro ilustra e acusa organizações e lobbies de interesses de engendrar campanhas articuladas que levaram a mudanças de 180 graus em temas como aborto, homossexualidade, religiosidade, pornografia, etc.
Fato é que tais mudanças não se manifestaram apenas no nível da tolerância a praticas não aceitas anteriormente, em muitos casos, a reversão transformou em marginais ou parias justamente aquelas pessoas dispostas a defender as posições que antes eram a da maioria da população. Leis anteriormente proibindo e penalizando certos comportamentos antes inaceitáveis, segundo a fundação judaico-cristã da nossa civilização, foram banidas e substituídas por outras, que se ainda não impõem tais comportamentos a todos, penalizam a quem demonstra qualquer forma de desaprovação a estes padrões, mesmo a mais simples expressão de opinião.
Nas palavras de Kupelian, grupos acobertados pelo estado e por segmentos da imprensa praticam ação violenta de intimidação e/ou ataque frontal a qualquer um que expresse opinião contrária ao grupo que defendem. Não se trata mais da defesa dos direitos do grupo A ou B, esta batalha pela liberdade de exercício de seus direitos civis e o reconhecimento de suas conquistas legais já foi devidamente ganha faz tempo. Agora a próxima fronteira é nos enfiar goela a baixo os seus padrões morais, a custa da espoliação de nossas próprias crenças e instituições.
Engendrados na onda dos seus interesses indizíveis, certos grupos combatem a eventual oposição com uma truculência que só se viu em estados policiais. Acham exagero? Vejam como as coisas evoluíram no exemplo a seguir:
A obrigação de aulas de religião nas escolas públicas é considerada incompatível com um estado laico. O currículo escolar federal obrigatório foi mudado nos Estados Unidos. Em um segundo momento, as aulas de religião foram proibidas nas escolas públicas, mesmo se eletivas. Diversas comunidades conduziram pleitos oficiais de consulta popular sobre o assunto. De nada valeu, mesmo em cidades com a população francamente apoiando o ensino religioso, as aulas foram banidas. As comunidades americanas podem decidir colocar certa matéria de interesse local nos currículos escolares das escolas públicas de suas cidades, como por exemplo, tópicos de agricultura, veterinária, direito de minorias, culinária, folclore e paganismo, história indígena local, medicina alternativa, etc., mas não podem ensinar nada escrito na Bíblia.
Tudo aceitável. Tudo laico e democrático. Contudo quem irá concordar com a prisão de alunos que decidiram orar em seu intervalo de aulas? Protestos violentos, queima de bandeira e ações extravagantes não são tão violentamente reprimidos como a oração nas escolas nos Estados Unidos de hoje. Basta consultar o assunto na internet e ver o turbilhão de casos de jovens expulsos de escolas, agredidos, presos, etc. por terem organizado grupos de oração em escolas públicas.
Lendo este trecho do livro, não pude deixar de me perguntar: Por que tanta agressividade contra a oração? Chego à conclusão de que o ódio não esta focado na oração em si, mas na mensagem por trás do simples ato de se dirigir a Deus. Para estes grupos isto é simplesmente inaceitável, pois implica declaração de posição a muitas outras questões que os defensores das causas escusas adotam: aborto, eutanásia, clonagem humana, suicídio assistido, ecumenismo religioso, novo conceito de família, casamento homossexual e toda aquela lista de compras pendurada na geladeira do capeta!
No livro, Kupelian esmiúça com coragem a evolução de questões cruciais na cultura americana ao longo dos últimos anos e a forma como os sinais de suas tendências terminaram por ser invertidos, entre outros:
– Como o ensino público aboliu o criacionismo e obrigou o darwinismo, em cuja essência há tanta margem para alegação de teoria cientifica quanto de crença.
– Como foi proibida a simples menção dos dez mandamentos na escola americana, mas colocou-se no currículo para crianças de 5 anos o ensino do homossexualismo como herança genética e tendência natural e irresistível.
– Como o divórcio se transformou de exceção à regra e atinge mais de 70% casamentos celebrados nestas últimas duas décadas.
– Como os valores sexuais foram tão minados que o próprio governo federal americano, conformado (ou determinado) orquestra campanhas com cartazes e vídeos tendo por alvo alunos de 10 anos para cima, da infame afirmação de aceitação social e moral do sexo para pré-adolescentes – faça tudo menos AQUILO – incentivando o jovem a praticar outras formas de expressão sexual – oral, masturbação solidária e outras – de forma a diminuir o interesse pelo coito.
Resumindo, para David K o marketing do mal é um tipo de guerra e o livro revela claramente as táticas de persuasão e as estratégias evasivas empregadas por aqueles dispostos a combater a raiz judaico-cristã da cultura da nação substituindo-a por uma cultura neo-pagã, divisionista e incentivadora do relativismo moral desde o berço.
E o Brasil? Ah! O Brasil eu deixo para vocês comentarem!