Nos dias em que Moisés peregrinava com o povo de Israel no deserto, o ataque do rei cananeu de Arade no caminho de Atarim, levando a alguns israelitas como prisioneiros, serviu para estimular aquela nova geração de Israel à guerra, e eles fizeram um voto ao Senhor se caso lhes desse vitória sobre o rei de Arade, destruiriam totalmente as suas cidades (Números 21.1,2) e com isto começariam a cumprir o propósito do Senhor de exercer um juízo sobre as práticas e idolatrias abomináveis dos cananeus, pela destruição dos seus altares, postes-ídolos e pela tomada deles das terras que pertenciam por direito divino aos israelitas, pois foram dadas por Deus por promessa à descendência de Abraão.
Assim, o Senhor atendeu ao pedido dos israelitas e lhes entregou os cananeus e destruíram totalmente as suas cidades (Nm 21.3).
Surpreendentemente, quando partiram do monte Hor para rodearem a terra dos edomitas, a Palavra diz que a alma do povo se impacientou, por causa do caminho.
Eles agiram de novo, como em Meribá, com a fala precipitada dos lábios, em razão de terem se irritado com as condições adversas do deserto, e como havia escassez de pão e água, chamaram o maná de pão vil, e que estavam enfastiados em comê-lo durante todos aqueles anos. E, se queixaram de Deus e de Moisés por tê-los tirado do Egito para morrerem naquele deserto (Nm 21.5).
Mas desta vez o Senhor não deixou de visitar a murmuração deles com juízos e lhes enviou serpentes venenosas, que os mordiam e mataram a muitos (Nm 21.6).
Só que diferentemente de seus pais, estes israelitas se arrependeram do seu pecado e vieram a Moisés e confessaram que haviam pecado contra ele e contra Deus, e lhe pediram que intercedesse em seu favor para que o Senhor os livrasse daquelas serpentes.
Tendo Moisés orado por eles, o Senhor lhe ordenou que fizesse uma serpente de bronze e que a colocasse sobre uma haste, e todo aquele que tivesse sido mordido e olhasse para aquela serpente de bronze seria curado e não morreria; e de fato todo aquele que olhava para a serpente de bronze vivia (v. 7-10).
Jesus se referiu à salvação que seria operada por Ele quando fosse levantado na cruz, em seu discurso com Nicodemos, que esta exigiria o mesmo tipo de fé daqueles que foram livrados da morte pelas mordeduras das serpentes venenosas no deserto, nos dias de Moisés, pois do mesmo modo que Moisés havia levantado a serpente de bronze numa haste no deserto, Ele seria levantado na cruz para que fosse salvo todo aquele que nele cresse, assim como os israelitas creram que olhando para a serpente seriam curados e não morreriam.
De fato a salvação é unicamente pela fé, pelo simples ato de olhar a Jesus com os olhos espirituais da fé.
“E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna.” (Jo 3.14,15)
“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;” (Gál 3.13)
A serpente foi amaldiçoada no Éden, e a comparação que foi feita por nosso Senhor com aquele ato que foi realizado no deserto significava esta verdade de que para nos livrar da maldição Ele se faria maldição por nós, e como vimos, a melhor figura para a maldição seria a serpente, e por isso Deus usou esta figura no passado, para nos ensinar esta grande verdade espiritual, de que se somos abençoados é porque Jesus nos resgatou da maldição, fazendo-se a Si mesmo maldição nosso lugar.
O acesso a esta bênção, a sua obtenção, exige que olhemos tão somente para Cristo, com os olhos da fé.
É assim que somos livrados da morte espiritual e eterna e alcançamos a vida eterna.
“Olhai para mim, e sede salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro.” (Is 45.22).
Lembremos que a serpente de bronze que Moisés levantou na haste representava uma serpente que foi morta pelo poder de Deus, e isto ensinava em figura que a maldição seria morta para que pudéssemos ter vida eterna, e isto Jesus faria morrendo como maldição no nosso lugar, na cruz que foi levantada no monte Calvário, para que pudéssemos ser livrados da morte espiritual produzida pela picada do diabo.
Pr Silvio Dutra