A evolução da igreja neste século dispensa comentários. Desde sua arquitetura, que aos poucos foi deixando o estilo gótico e assumindo um design moderno, até a grande influência da tecnologia, evidenciada nos “cultos shows”, que tem provocado uma liturgia mais futurista, dando a idéia de dinamismo. Com relação à administração, não tem sido diferente, o uso de consultoria e palavras como “empowerment”, “feedback”, já se tornaram comuns no meio eclesiástico. Com toda essa evolução estamos vendo emergir uma igreja com uma visão sócio-cultural e estética proveniente do capitalismo, onde o reino deste mundo tem tentado se passar por reino de Deus.
Infelizmente, em alguns casos as vendas de “bênçãos” continuam as garantias de propriedades celestes antes adquiridas hoje são terrenas. Lideranças substituíveis apenas com a morte, inacreditavelmente ainda são vistas hoje. O pior de tudo é o veto ao direito de conhecer as escrituras, o qual é disseminado de forma sutil, “afinal de contas a letra mata”. Questionar, por incrível que pareça é sinônimo de pecado com direito a inquisição, e se conformar é a única opção caso contrário corre-se o risco de tocar no sagrado, ou melhor, nos “ungidos de Deus”.
Infortúnio não ver na ekklesia a democracia, a prestação de contas e o direito de deixar o estado ao laicismo evoluírem com a mesma profusão que a tecnologia evoluiu na igreja. Alguns ainda esperam um rei que venha nos libertar da inflação, da desigualdade social, do desemprego, da corrupção e da República, “ah se tivéssemos um presidente evangélico, tudo seria diferente”.
A igreja deste século esta mais pra pós-moderna capitalista ou medieval manipuladora da fé? Não seria talvez uma junção das duas coisas? Pois é, algumas igrejas têm usado uma roupagem pós-moderna, mantendo um caráter medieval. Precisamos, quem sabe, não de uma reforma, mas de um renascimento, não que apóie o hedonismo ou antropocentrismo, mas que despreze a escuridão.