“Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. ” Mt.5.14-16
Jesus nos compara nesta parábola a luz da candeia. Ele vai dizer que não se deve esconder a luz da candeia, mas que ela deve ser colocada no velador para iluminar, trazer luz a todos que se encontram na casa. Ele também diz que não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte.
Fico pensando na realidade da Igreja do século 21. Que influência causamos no mundo hoje. Será que somos como cidade edificada sobre um monte? Será que temos sido como a candeia no velador?
Há dois anos saiu em todos os jornais de conteúdo evangélico que o estado do Rio de Janeiro é 2º colocado no ranking de evangélicos no Brasil, em que isso tem demonstrado a diferença ou relevância se olharmos para o escândalo dos anões do Orçamento ou do “Mensalão”. O que dizer da violência generalizada que constitui um governo paralelo, sem falar do abandono das crianças, dos idosos.
Existe uma estatística que diz que 35% das finanças no mundo estão nas mãos dos evangélicos, o que isso faz diferença quando falamos da distribuição de renda ou das péssimas condições de trabalho e salários que enfrentamos no mundo inteiro.
Eu acredito que uma cidade edificada sobre o monte deve ser vista com olhos de admiração, uma candeia serve para iluminar a casa, isto é, suprir a luz onde existem trevas. Como podemos ainda falar de missões hoje e não estarmos dispostos a mudar esse quadro.
Uma Igreja para ser missionária precisa cumprir com no mínimo alguns requisitos que o próprio NT nos aponta, se não for assim não teremos a menor credibilidade diante da sociedade e da proclamação do evangelho.
Creio que pelo menos três requisitos são essenciais para uma Igreja desenvolver um trabalho missionário, seja local, nacional ou mundial.
1 – A missão da Igreja é holística.
A Igreja como sal da terra e luz do mundo deve fazer a diferença nos vários setores da sociedade, principalmente no socorro aos menos favorecidos.
A injustiça social, verdadeira afronta contra a imagem e semelhança de Deus, tem solapado nosso país e a Igreja muitas vezes tem se afastado como se nada tivesse com isso. É verdade que a Igreja não é uma instituição político-partidária que deva defender qualquer bandeira política. É mais que isso. Ela é uma instituição divina. Por isso mesmo, tem o dever ético e moral de ser mais justa do que qualquer governo ou partido político pretenda ser. A Igreja “não prega uma forma de governo, mas cria uma consciência democrática, à luz dos conceitos de liberdade, de dignidade humana, de respeito ao próximo e, sobretudo, de amor a Deus e à humanidade”.
Os cristãos foram postos no mundo para ser a consciência da sociedade. A Igreja deve ser a voz do que clama no deserto a fim de fazer a diferença no mundo. Precisa deixar o monte da transfiguração e descer até ao sopé onde se encontram os excluídos. Uma opção preferencial pelos pobres? E por que não? O evangelho é para todos, porém, somente o pobre precisa ser atendido também em suas necessidades básicas prioritárias, por causa da má distribuição de renda de nosso país, como resultado de uma política social opressora.
2 – A missão da Igreja é bíblica.
A integralidade da Igreja é bíblica e se baseia na missão integral de Deus. A missão integral da Igreja é ampla, assim como é ampla a missão integral de Deus, visto que a dimensão dessa missão é vertical e horizontal. O compromisso da Igreja com Deus (vertical) resulta nela um compromisso com a criação em geral e com o ser humano em particular (horizontal). A missão integral da Igreja é “comunhão, adoração, edificação, evangelismo e serviço”. (Os compromissos da missão: A caminhada da Igreja no contexto brasileiro. Manfred Grellert, 1987, p.22)
3 – A missão da Igreja é para este tempo, mas nem sempre com resultados imediatos.
Toda a ação missionária da Igreja precisa acontecer aqui e agora, mas nem sempre seremos nós que colheremos os frutos no nosso plantio. Todas as pessoas para quem testemunharmos ou todas as comunidades em que influenciarmos espiritual e socialmente talvez não sejam transformadas imediatamente e a Igreja brasileira deve aprender que os resultados vêm de acordo com a ação de Espírito Santo nem sempre segue nosso padrão de tempo.
Ainda creio numa Igreja sadia, santa, inclusiva e que não se subdivide em partidos. A missão integral precisa ser vista como uma responsabilidade para o nosso século, caso contrário, mas uma vez seremos meros expectadores da história do nosso tempo.
Por Wilson Roberto