A era da informação chegou! E logicamente você deve estar pensando que não é de agora que podemos observar isso.
Hoje, percebemos que todos, quer possuam maior ou menor poder aquisitivo, têm a oportunidade de receber um número amplo de informes. Ante a “setuagésima” revolução industrial que estamos presenciando, é flagrante que já absorvemos ao longo de um simplório dia de vida, uma carga de mensagens muito maior em número do que há vinte anos.
Basta pararmos para refletir sobre como começa o dia das pessoas. A maioria, enquanto se arruma, ouve o noticiário do jornal pela manhã cedo, termina de tomar seu café — quando dá tempo — e sai correndo para não chegar atrasada no serviço; durante o percurso, ao mesmo tempo em que dirige ou espera no assento do ônibus, lê placas de marketing afixadas em outdoors, e, simultaneamente, pensa como vai se sair na prova da universidade que ocorrerá naquele mesmo dia à noite, depois das rotineiras horas de trabalho com intervalo de quarenta e cinco minutos para o almoço. Finalmente, quando chega em casa, liga mais uma vez a TV para assistir à sua novela preferida, jornal, ou aquele programa que divulga editais de concurso para o funcionalismo público.
Todavia, essa necessidade ditada à raça humana, de que todos nós devemos acumular a maior quantidade de conhecimento possível, a fim de que possamos ser bem sucedidos, quiçá até os melhores do mundo em tudo o que fizermos, acabou por nos levar, subliminarmente, à idéia de que em todas as áreas da nossa vida, somente a experiência, a sabedoria do homem e o conhecimento secular podem ser eficientes em todas as situações.
Contudo, nas Boas Novas do Senhor Jesus, a autoconfiante sabedoria humana tem uma conotação diferente. Sem desfazer da real necessidade que temos de adquirir informações que nos tornem seres mais sábios e instruídos, vale ressaltar que o próprio Apóstolo Paulo, homem notadamente cheio de instrução humana, disse que Deus, em sua sabedoria, não se fez conhecido do homem conforme a sabedoria deste, mas Lhe aprouve salvar os crentes pela loucura da pregação. Isso porque uns pedem sinais, outros buscam sabedoria, mas nós pregamos a Cristo, que é escândalo para uns e incoerência para outros (I Coríntios 1.21-23).
Por conseguinte, vemos que, não obstante à realidade supra abordada, as pessoas parecem fazer um esforço essencialmente humano — o racional — para tentar entender assuntos cuja intelecção se dá de maneira puramente espiritual: a palavra de Deus, revelada pelo Seu Espírito Santo. Facilmente, muitos falam em cursos, leituras, repetições, memorizações, especializações e todos os tipos de “ações” que, no tocante à revelação divina, quando se tornam um montante de obrigações, não passam de uma verdadeira chateação.
É claro que todos nós, enquanto estudiosos da Bíblia, devemos nos esforçar ao máximo para alcançarmos compreensão de ensinamentos teológicos que podem elucidar o que está relacionado à palavra e à obra de Deus. Porém, nunca devemos nos olvidar que não há tese, ensinamento ou qualquer raciocínio de teologia que consigam revelar ao entendimento do homem natural a relevância da maior e mais poderosa obra de Deus para a raça humana: a salvação em Cristo Jesus.
Pois, trocando em miúdos, na ausência de uma sabedoria que nos seja potentemente superior, como se pode convencer alguém de que Jesus Cristo, aquele que foi esbofeteado, escarnecido, morto e sepultado, possui mais vida que toda alma vivente sobre a face da terra, e tem tanto poder que é capaz de Lhe fazer dobrar todo joelho dos que estão no céu, na terra e debaixo da terra (Filipenses 2.9-11)?
Destarte, não é raro presenciarmos, atualmente, discussões intermináveis de seções religiosas que, em detrimento da pregação do Evangelho, têm trabalhado de forma árdua no sentido de impingir a idéia de que, ou todos estamos salvos para sempre, uma vez que fomos salvos, ou precisamos guardar nossa salvação até o último dia, senão ela pode escarpar. Torna-se pior, quando ouvimos cristãos eruditos reservarem um largo período do seu dia a fim de descobrirem a pólvora da obra expiatória de Cristo: quem matou Jesus? Os judeus, que insuflaram a população local para clamar pela execução do Messias, ou os romanos, já que o método utilizado na execução deu-se na forma punitiva inerente ao império — a morte de cruz.
Nesse contexto, valho-me da lembrança do que a simples palavra de Deus já nos responde tão pronta e singelamente: “verdadeiramente, Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas Ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados.” (Isaías 53.4 e 5)
Entrementes e infelizmente, muitos de nós, pregadores, estudiosos, doutores, escritores, ministros etc. da palavra de Deus, temos deixado de nos envolver com a simplicidade da revelação bíblica, para tentarmos massagear nosso ego, veiculando idéias que servem tão somente para alimentar questiúnculas que não podem salvar, e, longe da eficiência da Bíblia, nenhuma capacidade possuem para atender às verdadeiras necessidades das pessoas que tanto têm buscado uma vida de conhecimento sem conseguir usufruir dos benefícios que esse conhecimento resulta.
Por fim, devemos nos lembrar que de nada adianta reunirmos todo o conhecimento do mundo em nossas mentes quando não conseguimos sequer receber o Espírito Santo em nossas vidas. Pois, como nos disse o Senhor Jesus: “Aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, (ELE) vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.” (João 14.26)
Por Pr. Paulo Guilherme
Artigo extraído do site www.jornalpequeno.com.br