Deus afirma através do profeta Ezequiel que Ele não tem prazer na morte do ímpio, antes que ele se converta e viva (Ez 18.23; 33.11).
Isto é reafirmado pelo apóstolo Paulo quando diz em I Tim 2.4 que Deus “quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade.” O Seu desejo portanto é salvar, e não condenar.
Depois dos juízos trazidos por Ele na dispensação do Velho Testamento, para o nosso ensino que o pecado mata e destrói, Ele instituiu uma nova dispensação conforme havia planejado em Seu conselho eterno, a do evangelho, que já vigora por cerca de dois mil anos, através da qual tem demonstrado este desejo de salvar e de não condenar, através da grande longanimidade que tem demonstrado para com todas as pessoas, em todas as nações.
Os dias do evangelho, a dispensação da graça, são o tempo do reino da paciência ou perseverança (hipomoné) em Jesus Cristo (Apo 1.9; 3.10; 13.10).
Porque este momento não é apenas o tempo do reinado do Senhor como também o tempo da paciência dEle. Deus está sendo paciente e longânimo para com todos os pecadores na presente dispensação da graça, e os Seus filhos devem seguir os Seus passos.
Por isso, quantas vezes Igreja de Cristo parecia definhar no mundo ao longo da sua história de dois milênios, entretanto ela prosseguirá adiante porque as portas do inferno não poderão prevalecer contra ela, porque Deus fez promessas relativas aos cristãos desde Abraão, e elas serão cabalmente cumpridas, a par de toda forma de oposição e dificuldades, e isto deve servir para animar a fé dos cristãos a perseverarem e nunca desfalecerem.
Nenhuma promessa de Deus falhará, e não deixará de ter o devido efeito.
E para mostrar a imutabilidade da promessa e de que não a revogaria de modo algum, e isto se aplica especialmente à adoção dos eleitos como Seus filhos, pois prometeu a Abraão que no Seu descendente que é Cristo, seriam benditas todas as nações da terra, isto é, todos estes que estão em Cristo são abençoados, porque são resgatados da maldição para serem adotados na família de Deus como Seus filhos, e a promessa foi feita com a interposição de um juramento divino, tendo Deus jurado por Si mesmo, mostrando que jurou no grau mais elevado que existe, porque não há nada mais elevado do que Ele próprio.
Então o sentido aqui é que Ele deixaria de ser Deus (caso isto fosse possível) se deixasse de cumprir o que prometeu a Abraão em relação à descendência que formaria a partir dele, tanto a natural (a nação israelita contada na descendência de Jacó, neto de Abraão) quanto a espiritual (os que são justificados e regenerados por causa da fé em Cristo) – Gên 22.15-18.
E se Deus fez a promessa isto não é para ser discutido, mas recebido pela fé. Se entre os homens o juramento põe fim à discussão sobre qualquer demanda, muito mais temos razão para entender que o juramento que Deus fez quando fez a promessa a Abraão, põe um ponto final logo de início em toda a discussão possível se a salvação é pela graça ou pelas obras, porque se é pela promessa, é evidente que é por pura graça.
E também que é segura, porque Deus jurou que a daria eternamente aos que estivessem ligados pela fé a Cristo. O próprio Deus então é quem assegura esta salvação e não os nossos méritos e capacidade (Rom 9.8; Gál 3.18).
Se Deus jurou fazer é porque Ele de fato não voltará atrás no propósito sobre o qual jurou, em nenhum tempo. Então não serão as perplexidades, as fraquezas, as tristezas, os sofrimentos e tudo o mais que os cristãos possam sofrer em sua caminhada terrena, que poderá lhes tirar esta salvação que foi prometida por juramento e que eles alcançaram pela fé em Jesus. É a isto que o apóstolo Paulo se refere no hino triunfal que ele apresenta na parte final do oitavo capítulo de Romanos, quanto a que nada poderá nos separar do amor de Deus que está em nosso Senhor Jesus Cristo.