Nós vemos no capitulo 42 de Isaías que nosso Senhor Jesus Cristo foi escolhido pelo Pai para fazer a Sua obra na Terra (v. 1); e seria com ternura e mansidão que Ele deveria estabelecer o seu reino nos corações dos Seus súditos,ou seja em todos aqueles que viessem a se converter a Ele (v. 2, 3).
Seu reino é implantado portanto, nos corações, em silêncio, sem barulho ruidoso, porque nunca bradará ou nos forçará para que nos submetamos a Ele.
O Espírito Santo trabalhará silenciosamente nos corações para produzir o convencimento do pecado, da justiça e do juízo, para conduzir os pecadores em amor, ao Salvador, que é manso e humilde de coração.
A profecia de Isaías destaca também que Jesus não lutaria contra a oposição que levantassem contra Ele porque suportaria a contradição dos pecadores com paciência, porque o Seu reino não é deste mundo. Ele sabe perfeitamente qual é condição natural de inimizade de todos os pecadores contra Deus, a qual pode ser removida somente por meio da fé no Salvador.
Então trabalhará com paciência para nos conduzir à salvação e para continuar o trabalho da nossa transformação gradual à Sua imagem e semelhança.
Jesus é paciente até mesmo para com os maus, quando os quebranta em seu orgulho, para serem tornados humildes.
Com estes que são convencidos pelo Espírito Santo de que são fracos, Jesus é terno, para curá-los de suas chagas, para serem restaurados e emitirem a Sua luz, não mais como pavios fumegantes, mas como chamas acesas pelo poder do Espírito.
Jesus é muito paciente, portanto, com todos aqueles que possuem a verdadeira graça, ainda que em pequena proporção.
Esta profecia de Isaías revela claramente o caráter de longanimidade e paciência da Sua obra em relação às nossas muitas imperfeições e fraquezas.
Deus é longânimo em Sua natureza e por isso é muito tardio para se irar com os nossos pecados, de modo que sempre nos conduzirá pacientemente através do trabalho de santificação operado em nós pelo Espírito Santo.
Está prometido também na profecia que Jesus consumará completamente a obra que Lhe foi designada pelo Pai e jamais desistiria dela, sendo portanto, impossível , que venha a falhar na Sua missão de salvar os pecadores (v. 4), trazendo a Sua justiça à Terra, para que por meio dela muitos possam ser justificados.
Esta salvação de Deus está sendo prometida não somente a Israel, mas a todos os gentios, inclusive aos que habitam nas ilhas distantes.
E este encargo não seria colocado como responsabilidade sobre os ombros de algum homem ou grupo de homens, porque Deus disse que Ele mesmo faria isto, quer dizer, Ele tomaria sobre os Seus ombros a responsabilidade de espalhar o evangelho em toda a terra, de modo que todos os que estiverem empenhados numa obra verdadeira do evangelho é porque teriam sido chamados e capacitados e enviados por Ele, para usá-los como simples instrumentos, usados pelo poder de Cristo e do Espírito Santo.
Afinal, nenhum homem pode salvar, justificar, regenerar, santificar, glorificar nem a si mesmo, quanto mais ao seu próximo.
Então importa que tudo seja feito na, e pela Igreja, pelo Filho, para que toda a glória seja exclusivamente de Deus.
Por isso é Jesus quem é a própria aliança com o povo de Israel e com os gentios, e a luz que dá vida é dEle, e a que houver em nós, seus servos, é apenas um reflexo desta Sua luz (v. 6).
Pedro afirmou e não mentiu quando disse que não foi por seu próprio poder ou piedade, que o coxo de nascença havia sido curado perfeitamente no templo, mas que fora Jesus quem o curara.
Assim, é Ele também quem dá vista aos cegos, que tira da prisão os presos, e do cárcere os que estão em trevas (v. 7).
Deste modo, a nenhum homem, a nenhuma imagem de escultura pode ser atribuída a operação de qualquer milagre ou maravilha, porque o Senhor tem afirmado que não dará a sua glória e louvor a outrem (v. 8).
Como é Ele mesmo que faz as Suas obras, então toda a glória é dEle, e nunca nossa, e de nenhum falso deus.
Vã portanto é a confiança que muitos depositam nestas coisas, e não exclusivamente no Senhor Jesus, conforme está declarado claramente neste capítulo 42 do profeta Isaías e em muitas outras passagens da Escritura.
Deus declara diretamente que é Ele que dá não somente o fôlego de vida aos homens, como é também quem coloca o espírito no homem quando este é formado no ventre de sua mãe (v. 5).
O Senhor poderia deixar que as coisas acontecessem sem dar qualquer aviso prévio ao Seu povo, mas diz que o faz para que seja glorificado, não somente quanto à Sua onisciência, mas para que entendamos que Ele governa não apenas as nossas vidas, como a própria história da humanidade (v. 9).
Então se ordena aos que foram alcançados pelo evangelho que cantem ao Senhor um cântico novo, e o Seu louvor desde a extremidade da Terra, e até mesmo os que navegam pelo mar, e os habitantes de todas as ilhas, porque o evangelho está destinado a todos eles.
As vozes anunciando a grande salvação do Senhor deveriam ser alçadas em todas as partes do mundo, quer no deserto, nas cidades e nas aldeias, até mesmo os que habitam em penhascos e nos cumes dos montes, porque o evangelho está sendo também destinado a eles (v. 11).
Glórias devem ser dadas ao Senhor, e o Seu louvor anunciado nas ilhas, porque Ele derramaria o seu Espírito lhes trazendo salvação e avivamentos (v. 12).
Isto tem sido cumprido cabalmente desde que o Espírito Santo foi derramado em Jerusalém no dia de Pentecostes, cerca de 2.000 anos atrás, quando se deu início à Igreja de Cristo na Terra.
Mas contra os Seus inimigos, contra os inimigos do evangelho, os inimigos destas boas novas de salvação, o Senhor se levantaria como um valente contra eles (v. 13), no dia do juízo.
Depois de encerrada a dispensação da graça, que podemos chamar de período de silêncio do juízo de condenação de Deus, porque Cristo não veio condenar neste período, mas salvar, o Senhor ergueria sua voz no final deste longo período da dispensação do evangelho, no qual estendeu a Sua graça e misericórdia a todos, pela Sua muita longanimidade, que o levou a esperar por um longo tempo para exercer o Seu juízo de toda a carne (v. 14).
Então trará assolações sobre a terra no final do período da graça, quando Jesus vier em sua segunda vinda, assolações estas que são descritas no verso 15, mas para os ignorantes (cegos) da Sua vontade que se converterem a Ele, usará de misericórdia e os guiará por veredas que não conheciam, tornando as trevas em luz perante eles, aplanando os caminhos escabrosos. E o Senhor prometeu não desampará-los (v. 16).
Mas os idólatras que fazem de suas imagens de escultura os seus deuses, seriam afastados para trás e cobertos de vergonha (v. 17).
Os surdos são conclamados a ouvirem estas coisas, e os cegos a olharem, para que possam enxergar. A referência é a surdos e a cegos espirituais. Mas Israel, seu servo insistia em não ser curado da sua surdez e cegueira (v. 18 a 21) e não conseguiriam enxergar mesmo quando fossem roubados e pilhados, e quando tivessem que se esconder em cavernas, porque seriam entregues por presa (v. 22 a 25).
A nação de Israel permanecerá endurecida a Cristo e ao evangelho, em sua maior parte, conforme previsto na profecia, e isto tem sucedido segundo fora profetizado por Isaías, mas as nações gentílicas dariam boa acolhida ao evangelho e muitos se converteriam a Cristo, e isto tem também ocorrido até os nossos dias.
Pr Silvio Dutra