Nossos dias são poucos, e são muito melhor gastos em fazer o bem, do que em disputas sobre assuntos que são, na melhor das hipóteses, de menor importância.
Os velhos escolásticos fizeram um mundo de discórdias pela sua incessante discussão de assuntos de nenhuma importância prática, e as nossas Igrejas sofrem muito com guerras mesquinhas sobre pontos obscuros e questões sem importância.
Depois de tudo o que foi dito que poderia ser dito, nenhuma das partes é a mais sábia, e, portanto, a discussão não mais promove conhecimento do que o amor, e é insensatez semear em um campo tão estéril.
Questões sobre pontos onde a Escritura é silenciosa; sobre mistérios que pertencem somente a Deus; sobre profecias de interpretação duvidosa, e sobre meros modos de observar cerimoniais humanos, são questões tolas, e os homens sábios as evitam. Nosso negócio não é nem perguntar nem responder a questões tolas, mas evitá-las completamente, e se observarmos o preceito do apóstolo em ter o cuidado de manter as boas obras (Tito 3.8), vamos nos encontrar bastante ocupados com algo lucrativo para nos acharmos muito interessados com contendas inúteis, contenciosas e desnecessárias.
Há, no entanto, algumas questões que são o inverso da insensatez, que não podemos evitar, mas que devemos de modo justo e honesto enfrentar, como estas: Eu creio no Senhor Jesus Cristo? Estou renovado no espírito da minha mente? Estou andando não segundo a carne, mas segundo o Espírito? Estou crescendo na graça? A minha conversação ornamenta a doutrina de Deus, meu Salvador? Estou esperando pela volta do Senhor, e vigiando como deve fazer um servo que espera seu Mestre? O que mais eu posso fazer para Jesus? Tais perguntas como estas exigem urgentemente a nossa atenção, e se temos sido em tudo dados a falhas, voltemo-nos às nossas habilidades críticas para um serviço muito mais rentável. Sejamos pacificadores, e nos esforcemos para levar os outros pelo nosso critério e exemplo, para “evitar questões tolas.”
Tradução feita pelo Pr Silvio Dutra, de um texto de Charles Haddon Spurgeon, em domínio público.
Textos e nota inseridos pelo tradutor:
2Tm 2.14: Recomenda estas coisas. Dá testemunho solene a todos perante Deus, para que evitem contendas de palavras que para nada aproveitam, exceto para a subversão dos ouvintes.
1Co 11.16: Contudo, se alguém quer ser contencioso, saiba que nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus.
Já vi obras de Deus terminarem por causa de divisões de opiniões sobre o que vem primeiro na conversão, se o arrependimento ou a fé, e se a regeneração ocorre antes da fé ou se é a recíproca que é verdadeira, e por aí afora. Fico me indagando qual é o real proveito em gastar tempo com este tipo de posicionamento e fazer disto um ponto de honra, que separa cristãos sinceros e genuínos, impedindo-lhes de não poderem mais caminhar juntos.