Dias maus existem. Alguns dias são tão ruins – ou por tristeza, ou por desilusão – que tentamos nos esconder das pressões da vida e do mundo: fingimos que estamos doentes para não enfrentar rostos de inimizade no trabalho; não atendemos quando sabemos que algum amigo liga; e de forma alguma queremos contar o que nos aflige para alguém.
Todos nós, ao longo de nossas vidas, recebemos dicas sobre o que não fazer, o que não enfrentar quando essas situações chegam, também aprendemos e sabemos como iremos ficar depois de que todo o sofrimento passar, mas o que fazer enquanto esse tormento está presente em nossa rotina?
O que fazer nas horas de maior aflição de nossas vidas? O que fazer nos tempos do deserto, aquele período onde aparentemente nenhuma flor nascerá em nossas vidas e muito menos algum fruto brotará de nossas almas?
Essa, creio eu, é uma das mais difíceis perguntas de se fazer, porque na realidade não gostamos nem de pensar na hipótese de sofrermos, ou emocionalmente, ou profissionalmente, ou de qualquer outra forma.
Não queremos prever, pensar ou agir considerando sofrimentos, gostaríamos de fingir que eles não existissem, mas muitas vezes isso não é possível e eu pergunto: o que fazer quando não conseguimos ignorar o sofrimento? O que fazer quando temos que passar por um deserto?
O que fazer enquanto a dor não passa?
E aqui aprendemos uma lição das Escrituras.
Davi havia fugido das mãos de Saul, rei de Israel, porque este queria matá-lo. Você pode pensar que era normal um rei tentar matar um soldado valente naquela época, porque homens valentes ameaçavam o trono do rei, mas o caso de Davi não era tão simples.
Quando o rei estava aflito pela presença do gigante Golias, foi a funda de Davi quem o livrou. Quando o rei estava aflito pelo espírito maligno que o afligia, foi a harpa de Davi quem o livrou. Quando o rei procurava um esposo para sua filha, foi a Davi quem lha deu em casamento.
Saul não era somente um rei para Davi, era seu sogro, era seu senhor, era seu rei, era o homem por quem Davi mataria e morreria, pois até mesmo fazia parte de sua guarda pessoal.
E em meio a todas essas dificuldades, em meio à fuga, em meio às desilusões pessoais com o rei, surgiu um desafio para Davi. Os filisteus começaram a afligir o povo de Queila e Davi consultou ao Senhor se deveria ir auxiliá-los, a resposta do Senhor foi que Davi deveria auxiliá-los.
“Os soldados de Davi, porém, lhe disseram: ‘Aqui em Judá estamos com medo. Quanto mais, se formos a Queila lutar contra as tropas dos filisteus!” 1 Sm.23:3
e
“Então Davi e seus homens foram a Queila, combateram os filisteus e se apoderaram de seus rebanhos, impondo-lhes grande derrota e libertando o povo daquela cidade.” 1Sm.23:5
Irmãos e irmãs, temos aqui um relato de um homem que tinha tudo a perder, estava sob ameaças seriíssimas, desiludido, abatido, entristecido, acovardado. Davi tinha tudo para ficar em sua caverna e de lá não sair mais, somente esperando a morte. Mas o que ele fez foi totalmente oposto, ao invés de ficar parado na caverna, ele agiu em favor de uma cidade e os libertou das opressoras mãos de seus inimigos.
Eu e você temos dias de Davi, quando temos que temos que nos humilhar por um pedaço de pão, quando nos fingimos de loucos ao enfrentarmos uma situação de perigo, quando procuramos ajuda par anos escondermos de nossos problemas.
Mas a minha pergunta é, o que você tem feito nesses dias de tristeza e desilusão? Será que você tem se escondido em uma caverna ou, mesmo nas horas de dificuldades, tem realizado a vontade de Deus, ainda que seja difícil e que as próprias pessoas que o acompanham duvidem que possam?
Grande parte de nossas vidas se passa em horas que sentimos medo ou frustração, mas o que temos feito nessas horas? Será que temos tomado uma atitude covarde ficando isolados em nossos cantos vendo a vida passar ou temos agido em favor de nosso próximo?
Nossas tristezas e desilusões constituem uma parte muito grande de nossas vidas para que as desperdicemos lamentando sobre o que poderia ou poderia não ter sido. Não podemos passar metade de nossas vidas esperando a hora em que ela melhorará para fazermos algum bem, para fazermos a diferença.
E é isso que Deus nos mostra hoje através de sua Palavra.
Não devemos esperar a melhora de tal e tal situação para exercermos o bem, mas ainda que dificuldades infindáveis existam hoje é o dia de fazermos boas obras, obras que engrandeçam o nosso Senhor. Deus não deseja que fiquemos em nossas cavernas angustiados, mas deseja que hajamos em prol de nossos irmãos e amigos.
Deus quer que você faça a diferença mesmo em dias de dificuldade, ele quer que você salve os oprimidos, mesmo em dias de desilusão, ele quer que você interceda em favor dos homens e mulheres de nossa nação, mesmo em tempos de angústia e dor.
Da mesma forma como Cristo, no ápice de seu sofrimento humano, no ápice de sua dor morreu por minha e por sua causa, para que hoje tivéssemos o perdão de nossos pecados, hoje Deus deseja que sigamos esse exemplo e nos dias mais difíceis de nossas vidas, que hajamos em favor do nosso próximo.
Você foi chamado para ser Sal da terra, para ser luz do mundo, mas um sal que não é usado e permanece no saleiro não salga e não conserva nada, assim como um fósforo que jamais foi riscado, jamais iluminou nada.
Deus não quer que você seja esse sal guardado no saleiro, nem tampouco o fósforo que jamais será riscado, mas Ele deseja que você seja o sal a salgar mesmo nas horas difíceis, o fósforo, a luz a brilhar, mesmo nos momentos de profunda dor.
Enquanto a dor não passa, honre a Deus, trabalhe em favor do seu próximo como Davi fez.
Que Deus o abençoe!