Luc 16:29 “… Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos.”
Na parábola do rico e do mendigo, Jesus usou esta expressão Moisés e os Profetas, que era uma das formas de se referir a todo o conjunto das Escrituras do Antigo Testamento, que foram produzidas por revelação e inspiração de Deus. Não é nosso propósito neste momento comentar toda a parábola, mas destacar um dos seus pontos muito importantes, para que possamos entender o modo designado por Deus para a salvação das nossas almas.
O rico, estando no inferno, pensava erroneamente que poderia ter sido salvo por um sinal poderoso que lhe fosse enviado do céu, como o envio do mendigo Lázaro a seus cinco irmãos que ainda viviam na terra, para lhes servir de testemunho, vendo o estado de glória em que ele se encontrava, pois o haviam conhecido muito bem em sua miséria quando vivia na terra, e no entender do rico, isto lhes convenceria de que havia de fato um céu. Foi dado como resposta ao seu pedido, simplesmente que seus irmãos deveriam ouvir Moisés e os profetas, ou seja, as Escrituras, para que fossem salvos. Ou seja, eles deveriam dar atenção ao testemunho que as Escrituras dão relativamente à santidade de Deus e de Cristo, como também da ruína completa dos homens em face da sua natureza pecaminosa, mas que Deus, em Sua misericórdia afirma que o justo viverá pela fé, ou seja ele terá vida eterna, pela fé na Palavra do Senhor.
Este é o significado interior de se ouvir Moisés e os profetas. É o de nos arrependermos de nossa condição caída e buscar refúgio na graça do Senhor Jesus que nos está sendo oferecida gratuitamente por darmos crédito à Sua Palavra. O firme fundamento repousa nisto, a saber, em se honrar a Palavra do Senhor, porque Ele dá muita honra à mesma. Por isso nos deu a revelação da Sua pessoa e vontade nas Escrituras, para que mesmo sem um sinal visível do céu, sem qualquer coisa extraordinária que nos seja enviada por Ele para ser testemunhada pela nossa visão natural, creiamos em tudo o que Ele afirma na Sua Palavra escrita, de modo que demonstramos com isso que damos de fato crédito ao que Ele tem dito.
Não foi justamente o oposto disto que aconteceu na queda do jardim do Éden? O homem e a mulher deram crédito à palavra da serpente e desconsideram aquilo que Deus lhes havia falado. Então não seria por nenhum sinal enviado do céu, como o rico da parábola insistiu pedindo que outras pessoas que haviam morrido e ressuscitado, fossem enviadas a seus irmãos para que eles cressem.
Mas esta foi a resposta que lhe foi dada:
“Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.”
Não porque fossem duros o bastante para não reconhecer o poder de Deus em ressuscitar, mas porque não foi este o método designado por Deus para a salvação, que é o de ter fé na Sua palavra revelada, de modo que a fé vem pelo ouvir a Palavra. Não será pela visão do arcanjo Miguel, de um Serafim, dos querubins, do próprio Cristo, que alguém será salvo. A salvação sempre ocorrerá somente quando acolhermos com mansidão e fé a Palavra do Senhor.
Hoje, temos mais do que Moisés e os profetas, porque por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, temos também as Escrituras do Novo Testamento. Então temos uma maior e melhor razão para cremos, lendo, amando, acolhendo e praticando a Palavra de Deus. Pela fé em tudo o que nos tem sido revelado por Ele, para que crendo em Sua Palavra, que nos aponta Cristo, como nossa única esperança, sejamos salvos. Ouvir com fé. Esta é a chave que nos conduz para o céu e para a vida do céu. Lembremos sempre desta afirmação solene, que é a fórmula da salvação:
“…Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos.”
Pr Silvio Dutra