Apenas formular intenções para praticar o que for bom e aprovado por Deus não é o suficiente para atingir o alvo pretendido, e demonstraremos a razão disto a seguir. Se não estivermos cheios do Espírito Santo, e por conseguinte, se não formos dirigidos por ele, o pecado que opera na carne (nossa velha natureza) sempre prevalecerá, independentemente de nossas melhores intenções e esforços.
Isso sucede porque após a conversão passamos a ser um campo de batalha no qual sempre estarão em conflito duas naturezas, e sempre sairá vencedora aquela para a qual fizermos provisão.
Se para o Espírito, prevalece a nova que é celestial, divina e sem defeito, e que é o único poder capaz de sobrepujar a lei do pecado que opera na carne. Se para a natureza terrena, o que prevalecerá será o pecado.
A conversão a Cristo não dá nova vida apenas ao espírito, como também à nossa mente, que entram automaticamente num processo de renovação progressiva, em aumento em graus, à medida que nos consagramos ao Senhor e à Sua vontade.
A habitação do Espírito Santo no cristão é o que configura o que o apóstolo Paulo chama de homem interior (Rom 7.22). Em outras passagens bíblicas é também designado por novo homem, nova criatura ou nova natureza. É somente esta nova natureza celestial e divina, que recebemos na conversão, que tem prazer na comunhão com Deus e na sua Lei.
Para tanto, necessitamos ser exercitados continuamente nos deveres espirituais estabelecidos pelo Senhor na Sua Palavra (oração, vigilância, boas obras etc), de modo que a nova natureza prevaleça sobre a antiga, produzindo em nós um viver realmente piedoso, em atitude permanente de culto e adoração a Deus. Então temos aqui o cristão com sua mente e espírito, inclinando-se para Deus e para a sua Lei, enquanto a velha natureza que ainda nele remanesce, procura oportunidade continuamente de puxá-lo para fora desta comunhão e deste deleite espiritual.
E geralmente o faz pela via do despertar de desejos e paixões que são em sua natureza contrários a tudo o que há em Deus, os quais devem ser continuamente mortificados, por nos sujeitarmos ao poder do Espírito Santo e pela fuga das fontes de tentação.
Se somos novas criaturas, as coisas do velho homem, juntamente com o pecado que está a ele associado, passam a ser moradores intrusos que já receberam a sentença de morte na cruz, quando morremos juntamente com Cristo, e dos quais devemos portanto nos despojar continuamente.
Por isso o apóstolo Paulo identifica o pecado que em nós opera como sendo um agente estranho, um inimigo que deve ser derrotado pelo poder do Espírito, a ponto de dizer “…não sou eu, mas o pecado que habita em mim” (Rom 7.17).
Esta verdade se comprova de modo prático em nosso viver diário quando, não raro, somos impulsionados a desejar e a fazer coisas que a nossa mente rejeita e reprova e que constrangem o nosso espírito renovado. Quem, senão o intruso chamado pecado é o autor disto, procurando retornar ao domínio total que tinha sobre nós antes da nossa conversão?
Não o desejamos de falto. Não o aprovamos. Não consideramos que seja correto. Isto prova o quanto o repelimos em nosso homem interior (nova natureza). Então se sou vencido, não foi porque desejasse de fato ser derrotado e desapontar a Deus, mas porque não se vence o pecado com deliberações do velho homem, mas somente com o poder do Espírito Santo, quando buscamos a Deus, e clamamos a ele por socorro, para que não nos deixe cair na tentação e para que nos livre do mal.
O apóstolo vê esta condição como sendo a competição de duas leis, que lutam entre si para obter o domínio total dos nossos pensamentos, desejos e ações, a saber, a do pecado, e a lei do Espírito Santo que opera. Especialmente, na nova natureza, no homem interior.
Temos então, como cristãos, uma mente que ama a Deus e os seus mandamentos, mas, como demonstrado, isto não é suficiente para nos dar um viver espiritual vitorioso. Como vimos, necessitamos do poder do Espírito Santo operando em nossa nova natureza, e o teremos somente quando o buscarmos, na prática de uma vida piedosa, conforme revelada na Bíblia.