“Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus.” (1 Co 4.1, ARA)
O termo “ministros” é a tradução do grego hupêretas. Conforme o Dicionário VINE (2003, p. 791, CPAD), significa literalmente “remador [da fileira] de baixo” (formado de hupo, “debaixo de”, e eretes, “remador”). O termo veio a denotar “qualquer subordinado que age sob a direção de outrem”; em Lc 4.20, “ministro”, quer dizer o assistente à serviço da sinagoga; em At 13.5, é dito acerca de João Marcos (”cooperador”); em At 26.16, “ministro”, é dito de Paulo como servo de Cristo no Evangelho. Era a tradução de hazzan ou chazen, um assistente da sinagoga cuja responsabilidade era abrir e fechar o prédio, cuidar dos livros usados no culto, e ajudar aos sacerdotes ou mestre em tudo quanto fosse necessário (cf. CHAMPLIM, 2001, p. 287, v. 4, HAGNOS)
O Dicionário Bíblico Wycliffe (2006, p.1287, CPAD), nos informa que “No AT, a palavra comum para ministro é mesharet. Este é um particípio do verbo Sharat. A expressão pode indicar aquele que assiste uma pessoa de alto escalão, assim como no caso de Josué e Moisés (Êx 24.13; Js 1.1), Elias e Eliseu (1 Rs 19.21). Nos escritos mais recentes este termo se referia aos oficiais reais (1 Rs 10.5; 2 Cr 22.8), e até mesmo aos anjos de Deus (Sl 104.4). Entretanto, o uso mais característico estava relacionado à ministração dos sacerdotes no Templo (Dt 10.8; 17.12; 21.5; Is 61.6; Ez 44.11; Jl 1.9, 13; Ed 8.17; Ne 10.36).”
Em todas as situações a idéia é sempre a de alguém que “serve”. Em nossos dias, muitos ministros agem e vivem como alguém que foi chamado para “mandar”. Alguns esmurram púlpitos e mesas de reunião esbravejando: “aqui quem manda sou EU!”.
Se acham donos da igreja e proprietário das ovelhas. Os tais consideram os seus cooperadores como empregados à sua inteira disposição, para atender todos os seus caprichos.
Outros são verdadeiros ditadores e opressores, prontos para cortar a qualquer momento a “cabeça” (e o salário) de quem não se submete às suas “ordens” e “determinações”. São verdadeiros “terroristas” da fé.
A tribuna das igrejas onde presidem manifestam através do luxo e da ostentação o seu espírito arrogante, prepotente e orgulhos. Seu “trono” é o grande destaque, sobressaindo-se aos demais assentos. São herdeiros de uma mentalidade imperialista.
Estes precisam aprender com o servo dos servos, o ministro dos ministros:
“Suscitaram também entre si uma discussão sobre qual deles parecia ser o maior. Mas Jesus lhes disse: Os reis dos povos dominam sobre eles, e os que exercem autoridade são chamados benfeitores. Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve. Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa? Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve.” (Lc 22.24-27)
“Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes.” (Jo 13.13-17, ARA)
O segundo termo em destaque no versículo acima é “despenseiro”. Conforme VINE, idem, p. 800), traduzido do grego oikonómos, “denotava primariamente o “administrador de uma casa ou propriedade” (formado de oikos “casa”, e nemo, “arranjar, organizar”), “mordomo”, que normalmente era um escravo ou liberto (Lc 12.42; 16.1,3,8; 1 Co 4.2).
Rienecker e Rogers (1985, p. 293, VIDA NOVA) apontam os seguintes significados: “administrador, mordomo, dirigente de uma casa, frequentemente um escravo de confiança que era encarregado de todos os negócios do lar. A palavra enfatiza que a pessoa recebe uma grande responsabilidade, pela qual deve prestar contas.”
Moulton (2007, p. 296, CULTURA CRISTÃ), acrescenta as seguintes possibilidades: depositário (Gl 4.2); procurador público, tesoureiro (Rm 16.23); mordomo espiritual, aquele que é encarregado de uma comissão de servir o Evangelho (1 Co 4.1; Tt 1.7; 1 Pe 4.10).”
Mais uma vez a idéia de serviço é destacada. O mordomo não é o proprietário dos bens, dos serviços ou das pessoas que lhe são confiadas. Não é maior do que o seu Senhor. É alguém investido de autoridade, com base na soberania, graça e confiança de quem o chamou.
Como ministros, no sentido de oficiais da igreja, ser mordomo não é para quem quer, mas para quem Deus chama:
“que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho, para o qual eu fui designado pregador, apóstolo e mestre.” (2 Tm 1.9-11, ARA)
Ministério não se compra, não se vende e nem se troca.
Não é um chamado para dominar ou tirar vantagens pessoais:
“Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória.” (1 Pe 5.1-4, ARA)
Os princípios aqui expostos, se aplicam também a todos que na Igreja do Senhor foram investidos de autoridade em cargos e funções de confiança. Chamados para servir.
Está chegando a hora da grande prestação de contas. É preciso estar preparado.
Aquele que precisa se converter, que se converta. O que precisa se arrepender, que se arrependa.
O Senhor da Casa está voltando!