Na Bíblia existem várias expressões que se referem a “dançar' e “bailar”. Contudo, nenhuma passagem nas Escrituras Sagradas fala de “dançar no Espírito”. Essa frase não é bíblica nem teológica. A Bíblia nos informa que os povos antigos manifestavam seus sentimentos por meio de danças.
Quando voltavam das batalhas em defesa de suas vidas ou da pátria maridos ou parentes, as mulheres, incluindo esposas e filhas, saíam ao encontro dos vitoriosos com cânticos e danças . Miriã a profetiza, a irmã de Arão e de Moisés, e todas as mulheres libertas do cativeiro egípcio, celebraram a passagem do Mar Vermelho com “tambores e danças” (Ex 15.20). Em tempos remotos, havia uma celebração ao Senhor em Israel e as filhas de Israel saíam a dançar em ranchos celebrando a “solenidade do Senhor em Siló' (Jz 21.19,21).
Davi, após conduzir a Arca da Aliança da casa de Obede-Edom até a cidade de Jerusalém, ia 'bailando e saltando' diante do Senhor (2 Sm 6.16). Com o passar do tempo, essa pratica tornou-se comum em Israel. Jeremias fala que depois de uma abençoada colheita, 'a virgem se alegrava na dança' e também os 'mancebos e os velhos' celebravam da mesma maneira (Jr 31.13). Também em Lamentações o profeta acrescenta: “Cessou o gozo do nosso coração; converteu em lamentação a nossa dança”, Lm 5.15.
Os profetas de Baal, durante sua cerimônia sacrificial, usavam uma espécie de música aos gritos e danças aos saltos ao redor do altar (1Rs 18.26). Do lado sensual, havia em Israel a famosa “dança do ventre”, que ainda hoje é praticada com freqüência no Oriente Médio. As filhas de Sião, quando perderam o temor a Deus, adicionaram ao seu andar a dança do ventre – o que foi severamente condenada pelo Senhor (Is 3.16). Salomé, a filha de Herodes, dançou também desta maneira (Mc 6.22).
No Novo Testamento, em algumas de suas passagens, a música e as danças encontram-se em evidências, sendo praticada nas solenidades judaicas. Jesus comparou à situação de seus dias com aquele que diziam: “Tocamo-vos flauta, e não dançastes” (Mt 11.17). O irmão do filho pródigo ficou indignado quando ouviu e viu “a música e s danças” para seu irmão (Lc 15.25). Entre as nações semíticas, as danças sagradas eram observadas tanto por homens quanto por mulheres.
Existem várias recordações bíblicas dizendo que os santos devem se alegrar no Senhor (Sl32.11) e servir ao Senhor com alegria (Sl 100.2). Maria, mãe de Jesus, foi uma jovem santa no novo testamento. Ela agradeceu a Deus dizendo: “A minha alma engrandece ao Senhor, eo meu espírito se alegra em Deus meu Salvador” (Lc 1.46-47). Mas não existe nenhuma recomendação no Novo Testamento, que é o manual da Igreja Cristã na Dispensação da Graça, dizendo que se deve “dançar no Espírito”. Além disso, certas danças que existem por aí em certos seios evangélicos não são espontâneas, mas ensinadas com antecipação e apresentadas ao público como “dançar no Espírito”. Por outro lado, existem também aqueles que aproveitam os momentos festivos e neles procuram extravasar suas emoções e euforias, além das regras preestabelecidas pela sobriedade e ética cristã.
O Apostolo Paulo fala de “orar no Espírito”, “bendizer no Espírito” e “cantar no Espírito”, mas nunca fala de “dançar no Espírito”. Não digo que não façam, porém acredito que as manifestações do Espírito Santo no meio do povo de Deus requer um pouco de prudência. Sabemos que em alguns momentos não é fácil de se controlar com o derramamento do poder de Deus. Contudo, a sabedoria de divina nos ensina que, via de regra, quanto mais o cristão está cheio do Espírito, mais controlado ele fica. Pois a manifestação do Espírito traz ao crente o amadurecimento e a sobriedade cristã. Descontrole não é sinal de estar totalmente controlado pelo Espírito de Deus.
Existem outras maneiras mais suaves, dentro do campo da ética, de se agradecer a Deus pelos seu amor e bondade, do que certas práticas extravagantes que podem até despertar curiosidade carnal.