“Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus” (1 Co 2.12)
Nosso destino em Deus foi determinado pela obra da cruz. Através dela todos podemos compartilhar da vitória de Jesus e viver uma vida que reflita o Reino de Deus. O grande problema é que alguns não conhecem aquilo que nos foi dado gratuitamente por Ele. Não digo o conhecer intelectual, porque isso muitos já tem, mas falo daquela certeza profunda que invade o coração do peregrino. Ele sabe que foi comprado e recebe inteiramente os benefícios do Reino. O Espírito de Deus nos foi dado para que pudesse operar esta certeza em nós: Não somos deste mundo.
O conhecimento de que pertencemos a Deus não pode ser adquirido nas salas de aula de nenhuma faculdade teológica do mundo. O Espírito precisa soprar o seu vento sobre a verdade para que ela possa fazer algum sentido no nosso coração. Este é o tipo de conhecimento inexplicável. Um tipo de conhecimento que nosso cérebro não conseguirá processar porque é da natureza do espírito e só poderá ser conhecido por ele. O Espírito traz à vida as promessas de Deus para nós e nos faz conhecer aquilo que nos foi dado, operando a transformação de “homens deste mundo” em “Filhos de Deus”. C.S Lewis fala disto em um dos seus mais famosos livros chamados Mere Christianity:
“O Filho de Deus está do seu lado. Ele está começando a transformar você no tipo de coisa que ele é. Está começando, por assim dizer, a injetar a Sua vida e o Seu Pensamento, a Sua Zoe [vida],em você;começando a transformar o soldado de chumbo num homem vivo. A parte de você que não gosta disto é aquela que ainda é chumbo”. (C.S Lewis em Mero Cristianismo)
“O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito de que somos filhos de Deus” (Rm 8.16)
Este testemunho do Espírito nos leva para outro nível de vida. Na verdade, somente este testemunho, alcançado na experiência de novo nascimento, nos dá a vida que nunca tivemos. A palavra de Deus nos ensina de que antes andávamos mortos em nossos delitos e pecados (Efésios 2.5). Não havia vida em nós! Havia simplesmente “existência carnal”. O espírito nos dá vida. O que é a verdadeira vida? É uma existência de comunhão com Deus. Quando longe dele, o homem não vive; existe. Quando nos aproximamos dele, provamos do verdadeiro propósito da Criação: Amizade com Deus. O coração do peregrino alcança o pleno conhecimento de que não pertence mais a este mundo e de que precisa caminhar em direção a Deus através da poderosa obra do Espírito Santo.
Ontem estive visitando uma das nossas células de multiplicação. A visão é bem simples. Consiste em preparar líderes dentre o rebanho, para que possam exercer seus dons e frutificar nos bairros onde moram. A igreja primitiva funcionava assim e foi um sucesso, não é verdade? Da mesma forma, as casas onde funcionam as células são faróis na comunidade onde as pessoas encontram alivio para sua solidão e o bom ensinamento da palavra de Deus, sem a formalidade da igreja institucional. A reunião foi mesmo bem informal ontem. A líder da célula estava aniversariando e essa era uma das causas do clima alegre do lugar. A outra era a de que estávamos cheios de convidados! Eles tinham me pedido para dar uma pequena palavra. Falei sobre “ser amigo de Jesus” e que nenhum dos seus amigos vai para o inferno.
Aliás, deixe me perguntar se você sabia disto. Você sabia que nenhum dos amigos de Jesus vai para o inferno? Ao final , quando orava pela célula, disse que o Espírito Santo ministraria aos corações sobre aquela verdade. Quando acabei de dizer isto, pude observar lágrimas em muitos olhos ali. Você sabe por quê? Dentro daquelas pessoas, Deus estava fazendo ressoar um chamado para a amizade. Até mesmo aqueles que nunca haviam ido à célula antes, puderam sentir um inexplicável desejo de conhecer mais de Deus. O Espírito de Deus estava operando vida naquele lugar, atraindo o homem para mais perto Dele.
Quando o Apóstolo Paulo escreve o Livro de Romanos ele quer, principalmente, defender as doutrinas básicas do Evangelho de Jesus. Logo após o capitulo 7, que fala da lei e da graça, ele começa um dos capítulos mais esclarecedores sobre a diferença entre o coração do peregrino e o do homem carnal. A grande diferença, ele explica, é a de que:
“Os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da Carne; mas os que são segundo o Espírito, para as coisas do Espírito”. (Romanos 8.5)
Um coração cheio da presença de Deus será um verdadeiro coração peregrino. Ele gradualmente vencerá a natural tendência do homem de chafurdar na lama e o fará olhar para o céu. Algumas pessoas se perguntam: Como Deus espera que eu viva para ele rodeado por uma sociedade que não se importa com coisas espirituais e elogia o pecado? Bem, ele espera que você seja guiado pelo Espírito de Deus.
“Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são Filhos de Deus” (Rm 8.14)
Gostaria de fazer uma pequena pausa aqui somente para clarear um ponto do nosso pensamento. O fato de não sermos deste mundo não significa que somos completamente imprestáveis para ele. Enquanto peregrinos trazemos em nós os rumores de um outro lugar, abrindo espaço para a influência dele aqui. O Reino do qual pertencemos está disponível para as pessoas que queiram se juntar conosco nesta peregrinação. Ele está disponível hoje e agora. A vida eterna em Jesus já começou dentro dos que peregrinam.
Aliens
Deveríamos acordar todos os dias e viver como um extraterrestre que acabou de pousar em um planeta estranho. Convido você a imaginar agora uma situação envolvendo este extraterrestre cristão. Vamos imaginar que talvez ele tenha um “Guia do alienígena viajante” que dá todas as dicas para uma estadia no “planeta azul”, sem maiores confusões. Se ele obedecer ao guia, poderá aproveitar a viagem tranquilamente. Por outro lado, se não der atenção a ele, talvez inicie a primeira guerra nas estrelas. Nosso Alien precisa ser guiado por aquelas dicas, de outra forma correrá alguns riscos. Sabe qual o maior risco de um peregrino? A perda de sua cultura e a aquisição da cultura local. Na verdade, este é um processo natural operado pelo tempo. Sem prestar atenção, qualquer peregrino pode esquecer-se da jornada e estacionar. Se isso acontece, ele para de ser um peregrino e virá mais um habitante do local.
Então, se aquele alienígena esquecer-se de seu guia, poderá começar a pensar como os terráqueos, para quem: o bom mesmo é ter vantagem em tudo, olho por olho e dente por dente é a regra a ser seguida, mentir é justificável e fidelidade conjugal é relativa; para resumir alguns dos pensamentos correntes no local.
O coração do peregrino tem que ser um coração de outro mundo. Aquele que anda na carne não pode agradar a Deus. (Rm 8.8) Temos que ser integrantes de uma cultura alien. Não precisamos nos envergonhar por sermos tão diferentes e este é o ponto forte do Cristianismo: Não pertencemos a nenhuma destas cidades, estamos peregrinando para a cidade de Deus. Como pessoas de outro Reino, temos um guia na terra: O Espírito Santo. Não seria a Bíblia? Sim, em parte.
A palavra de Deus ensina que a letra, por si só, mata. O Espírito dá vida à letra. É o Consolador que nos traz o entendimento profundo da palavra, fazendo com que ela seja recebida no coração, ao invés de simplesmente no córtex cerebral. Se desprezarmos esta verdade, começaremos a achar normais todas às aberrações do homem carnal; como já tem acontecido com muitos cristãos que se esqueceram que não são deste mundo. É essencial ser um “alien” guiado pelo Espírito Santo. Alguém que anda neste mundo, mas não o reconhece como seu.
Oração: Oh Deus, eu reconheço que tenho me acostumado com este mundo e seus costumes. Reconheço que deixei de ser um peregrino e aceitei as regras deste mundo. Peço a tua misericórdia sobre minha vida. Que o teu Espírito me guie a partir de hoje e que eu possa acordar todos os dias sabendo que não pertenço a este lugar. Faz-me, Oh Deus, um peregrino em terra estranha. Que as pessoas deste mundo olhem para mim e saibam que eu pertenço a ti, ao teu Reino e a tua Verdade.