Através da Sua atuação na história de Israel, Deus revelou através das páginas do Velho Testamento a estrita beleza do Seu caráter justo, imparcial e amoroso.
Ele equilibra com a mais pura perfeição todos os Seus atributos divinos, não deixando de ser misericordioso quando julga com justiça.
Por Sua longanimidade podemos firmar a nossa esperança em dias melhores e abençoados por Ele, quando nos arrependemos de nossas transgressões.
À guisa de ilustração destas verdades comentaremos adiante o 26º capítulo de Isaías no qual é profetizada a glória futura do Israel de Deus juntamente com o Messias, com as boas promessas de livramento para Judá, apesar de ter sido decretado pelo Senhor que eles seriam conduzidos antes para o cativeiro em Babilônia, pára serem curados da sua idolatria.
Importava encorajar os judeus a manterem firme a esperança messiânica, a saber, a guardarem a vontade de Deus para a manifestação do Salvador prometido.
No entanto, sabemos que estas promessas de bênçãos para Judá foram mescladas várias vezes com juízos divinos, quando a nação voltava a se desviar da Sua presença, sendo portanto entregue nas mãos de opressores.
É importante frisar, que mesmo ao retornarem de Babilônia permaneceram debaixo do governo sucessivo de medos e persas, de gregos e de romanos. Somente por um breve período, nos dias dos Macabeus, Israel foi uma nação soberana, sem estar debaixo do jugo de qualquer outra nação.
Então a aplicação destas profecias de Isaías apontam não para a glória de Judá na terra, quer na dispensação do Antigo, quer na do Novo Testamento.
Mas à glória que desfrutariam por meio da mediação e governo do Messias prometido.
É bom lembrarmos sempre, ao ler todo o livro de Isaías, qual foi o caráter da sua chamada por Deus, conforme vemos no sexto capitulo, quando foi profetizado que ele deveria revelar o endurecimento que haveria em Israel até o final da dispensação da graça.
Então não seria de se esperar que Deus falasse da glória de um povo que permaneceria endurecido, apesar de todo o favor e cuidado que tivesse para com eles.
Na verdade sempre foi pela ação de um remanescente fiel, representado nas pessoas de Esdras, Neemias, e outros servos piedosos do Senhor, que Judá foi preservado, e não pela piedade de todo o povo.
Nós lemos no último versículo da profecia do 26º capítulo:
“Pois eis que o Senhor está saindo do seu lugar para castigar os moradores da terra por causa da sua iniquidade.”
Pode parecer, pela leitura do restante do capítulo, que esta afirmação está deslocada e fora de contexto. No entanto, é por ela que podemos entender o caráter da paz e da glória de Judá, que é prometida no mesmo capítulo.
Ela é resultante da confiança total no Senhor, conforme o povo é conclamado a fazer em todo o tempo.
Esta promessa de paz não se destina aos que permanecem na prática deliberada do pecado, porque deles se diz no verso 10:
“Ainda que se mostre favor ao ímpio, ele não aprende a justiça; até na terra da retidão ele pratica a iniquidade, e não atenta para a majestade do Senhor.”
Então o que se reserva para os ímpios é o que se afirma no verso 11:
“Senhor, a tua mão está levantada, contudo eles não a vêem; vê-la-ão, porém, e confundir-se-ão por causa do zelo que tens do teu povo; e o fogo reservado para os teus adversários os devorará.”
Mas para os justos é prometido por Deus a paz, porque Ele mesmo fará todas as suas obras para o Seu povo (v. 12).
Ainda que outros dominem sobre o povo, que é a herança do Senhor, é somente o Seu santo nome que eles exaltam (v. 13).
O povo do Senhor será aumentado na terra pelo próprio Deus e para a Sua exclusiva glória (v. 14).
Ele faria a obra do evangelho avançar até aos confins da terra (v. 15), mas para isto, deveria ser buscado na angústia, que são produzidas pelas Suas correções, derramando os seus corações perante Ele em oração.
O povo deve ser santificado e consagrado pelas tribulações, para que aprenda a orar e a buscar ao Senhor, porque é assim que Ele faz a Sua obra avançar através da Igreja, que assim se Lhe consagra (v. 16).
E estas orações devem ser agonizantes, como a mulher que está com as contrações do parto (v. 17) porque são orações para que sejam geradas novas vidas, pelo Espírito Santo, vidas não naturais, mas novas criaturas em Cristo Jesus.
Não basta ter as dores de parto e não orar, porque isto não produzirá vida, senão vento (v. 18), porque o poder do próprio homem não pode trazer livramento à Terra, dos poderes opressivos do inferno, que mantêm os homens em cadeias, senão somente o poder do próprio Deus, pelo Espírito, quando o Seu povo ora incessantemente, sem esmorecer, para que Ele mantenha avivada a Sua obra sobre a Terra.
Mas para os que oram sem esmorecer, a promessa é de vida para os que se encontram mortos. A vida abundante de Jesus que livra da morte espiritual e eterna, e que traz também a promessa da ressurreição dos corpos dos que nEle creem (v. 19).
Os que habitam no pó podem exultar porque há esperança de vida para eles, porque o orvalho de Deus, Jesus Cristo, é orvalho de luz, a luz que dá a vida de Deus aos homens (v. 19b); mas os que não vêm para a luz por amarem as trevas, o Senhor fa-los-á cair na terra das sombras em que eles gostam de viver (v. 19c).
Deus está indignado contra o pecado, e manifestará a Sua ira contra o ímpios, mas o Seu povo é convocado a entrar nas suas câmaras e fechar as suas portas sobre si, para se esconder por um só momento, até que Deus consuma a Sua indignação desarraigando o ímpio da terra (v. 20). Isto fala da necessidade de oração, de paciência, de perseverança, de esperar quietos no Senhor, enquanto padecemos neste mundo de trevas.
Assim, o que se aprende de tudo isto é que bem irá ao que ama e pratica a justiça, e mal irá ao que odeia a Deus e a Sua justiça.
Há boas promessas para o verdadeiro Israel de Deus, o qual é formado por pessoas de todas as nações cujo coração é circuncidado por meio da fé em Jesus Cristo.
Estes, mesmo em suas fraquezas e desvios ocasionais poderão contar sempre com a ajuda do Senhor que os disciplinará e corrigirá sempre que necessário para que sejam conduzidos em glória à Sua presença, santos, irrepreensíveis e inculpáveis.
“Com efeito, Deus é bom para com Israel, para com os de coração limpo.” (Salmo 73.1)
Pr Silvio Dutra