por Renata Sturm
Cheios de boas intenções, mas mal-preparados. Muitos grupos de louvor acabam se dissolvendo em conflitos internos de menor interesse antes mesmo de dar os primeiro frutos. Esta história não precisa ser a do seu (futuro) grupo — isto é, se você fizer a lição de casa. “Os músicos tentam se realizar musicalmente tocando na igreja. Esta conduta é o prenuncio da ruína de uma banda”, diz o produtor e arranjador musical Maurício Abachioni, membro da Igreja Comunidade da Graça. Abachioni sabe o que diz. Mesmo apreciando o grupo de louvor da sua congregação, ele se realiza musicalmente como membro de uma banda que toca músicas típicas européias. Para o produtor, vários conflitos entre os membros de um grupo de louvor podem ser evitados quando cada integrante sabe a sua função. “Uma banda de fundo de garagem só tem que se preocupar com a performance; já a de louvor precisa saber que seu papel é colaborar com a igreja, motivá-la a participar da música”. Fácil de falar, difícil de pôr em prática.
O foco principal dos músicos de uma igreja deve ser sempre a melodia cantada, explica o produtor, pois esse é o canal de participação com o público. “O músico precisa ser humilde e saber que seu papel é acompanhar os membros da igreja”, diz Abachioni.
Outro erro comum que até os músicos mais experiente cometem é querer reproduzir no púlpito as gravações de um CD, com solos virtuosos, passagens dissonantes e longas introduções. Diante disso, Abachioni aconselha o que parece óbvio, mas que muitas bandas de louvor insistem em ignorar: “sempre adapte as músicas ao estilo da sua igreja. O tom cantado pelo intérprete pode ser alto demais para as mulheres ou baixo demais para os homens. A ‘cantabilidade’ é o mais importante”. E o mais difícil: “escolha as músicas certas e deixe de lado suas influências musicais”.
Na prática – Com isso em mente, não são necessários muitos recursos técnicos e instrumentais para obter sucesso. Segundo o produtor, três elementos — harmonia, ritmo e melodia — e dois instrumentos já dão conta do recado. Para a harmonia, use violão ou teclado; para o ritmo, bateria, percussão ou baixo; e para a melodia, voz. Simples assim? “Seria se cada membro do grupo soubesse qual é a sua função e a exercesse bem. Conjuntos pequenos não raro são mais funcionais que os grandes”, afirma.
O ensaio é outra parte importante para que os papéis de cada integrante estejam bem definidos. E nada de ensaios longos demais! O importante é a qualidade. Se a sua banda ainda é novata, faça uma lista de 15 músicas e as pratique até serem capazes de tocá-las de olhos fechados. “Ensaiar diferentes músicas para cada culto é perda de tempo, pois a banda não tocará bem nenhuma delas”, diz Abachioni. Para não perder muito tempo, prepare em casa um mapa de cada música. Nele você poderá indicar tamanho da introdução, voltas, corpo e fim da música. Fazer dois ensaios — um com os vocais e outro com os músicos — também evita que membros da banda fiquem ociosos. O ideal é cada grupo ensaiar separadamente e depois juntos para criar a harmonia. “Abandone suas vaidades, não se preocupe tanto com o seu retorno, escute os outros instrumentos e garanta uma banda bem-sucedida e saudável”. Eis uma boa sugestão.
Renata Sturm é jornalista
Artigo extraído do site www.vineyardmusic.com.br