Nós frequentemente encontramos aqueles que se queixam de secura e amortecimento em sua adoração. Eles são muito diferentes do retrato que o salmista apresenta do “homem bem-aventurado”. Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no devido tempo; cujas folhas não murcham. Este é um verdadeiro retrato da vida cristã. A alma deve ser como um jardim regado – fresco e verdejante. Deve ser uma primavera. Você já viu um jardim na primavera ou um que é bem regado. Tudo é beleza, frescor e vigor. Tal jardim é usado pelo profeta para simbolizar a alma cheia do Espírito. Ele diz: ” O Senhor te guiará continuamente, fartará a tua alma até em lugares áridos e fortificará os teus ossos; serás como um jardim regado e como um manancial cujas águas jamais faltam.”, Isaías 58.11.
Porém, para terem uma experiência tão feliz, os filhos de Deus devem cumprir certas condições. O contexto diz: “Se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma aflita.” Se nossas almas não são inclinadas a se compadecer do faminto e deixamos de fazer o que pudermos para aliviá-lo, não precisamos esperar outra coisa senão uma seca espiritual em nossos próprio caso.
A secura espiritual é, por vezes, o resultado do apego ao mundo. “Coloque suas afeições nas coisas do alto, e não nas que são da terra.” A menos que nós vivamos pela Bíblia, não podemos ser espirituais. Um pouco de afeto fixado nas coisas da terra rouba da alma a vida espiritual. Nesta matéria Satanás é um excelente argumentador. Ele vai sugerir que os seus desejos sejam apenas para a glória de Deus; que você não tenha afeição por objetos mundanos para a sua própria satisfação e glória, senão somente para a glória de Deus. Uma jovem senhora a quem eu havia aconselhado me disse que os seus desejos eram puros e que ela não tinha afeição às coisas do mundo, senão somente pelo motivo de agradar ao Senhor.
Muito em breve, no entanto, ela chegou à conclusão de que a sua alma era um lugar deserto, e tudo porque ela acreditou na mentira de Satanás. Cuidado como você deseja as coisas terrenas para a glória de Deus. Debaixo pode existir um desejo de auto-satisfação, facilidade, ou de luxúria. Se você está preocupado com a falta de devoção sensível na adoração, examine suas afeições.
Possivelmente você pode encontrar algumas pequenas raízes de entrelaçamento em torno de algo deste mundo. (É comum vermos cristãos afirmando que aprenderam a fazer tudo para a glória de Deus, inclusive quando estão ocupados com vícios e desejos que lhes tornam impuros ou sem tempo para se dedicarem a Deus. A aridez espiritual de suas vidas demonstra o quanto estão enganados na sua forma de pensar e agir. Nota do tradutor).
A aridez espiritual pode ser também o resultado de preguiça. ” A preguiça faz cair em profundo sono, e o ocioso vem a padecer fome.”, Prov 19.15. A ociosidade espiritual logo resulta em secura espiritual. Esse sofisma de Satanás, “Não há tempo para a oração,” é muito perigoso. Qualquer negligência de devoção espiritual deve resultar em mornidão. Oh, quão irracional é o homem, e quão facilmente os desejos da carne enganam! Se você esqueceu de regar o seu jardim, você não iria pensar por um momento porque ele foi secando. Então, quando você está negligenciando a rega da sua alma com exercícios vigorosos, espirituais, por que você ficará surpreso em estar tão seco espiritualmente? “Desperta, tu que dormes!” Levante-se e caminhe para o monte do Senhor. Tenha o testemunho frequente de uma cena do nascer do sol do monte da oração.
Se o seu fruto espiritual não é tão bonito, aromatizado e totalmente desenvolvido como deveria ser, olhe para a presença de preguiça na alma. O veneno da preguiça vai entrar na alma pouco a pouco. Em primeiro lugar, haverá um atraso momentâneo quanto aos deveres espirituais (oração, meditação da Palavra, comunhão com os santos etc). Satanás é astuto demais para sugerir um abandono completo deles, mas ele vai sugerir um pouco de adiamento. Um atraso logo será seguido por um outro e em seguida por outro. Estes atrasos são um opiáceo que embota os sentidos espirituais e, assim, eles vão ceder mais facilmente a estes adiamentos e, finalmente, encontrar prazer neles.
Quando a alma é como um jardim regado, ela será atraída para Deus em oração logo no início da manhã. Qualquer atraso vai causar mal-estar e inquietação. A alma procura se afastar da presença de Deus. Mas um pouco de atraso após o outro traz uma condição mórbida. A alma perde seu gosto aguçado, seus sentidos tornam-se amortecidos, de modo que não há nenhum mal-estar, enquanto os sentidos do ego encontram prazer na preguiça.
Quando a alma tem adquirido o hábito da ociosidade, não experimenta qualquer dificuldade em fugir da presença de Deus. Ao se tornar consciente do seu estado, a pessoa pode reconhecer a sua inatividade e resolve fazer uma meia reforma para ser mais sincero e diligente, só que muito em breve recai na mesma sequidão. Este vírus da preguiça inocula todo o ser espiritual, envenenando a vontade e tornando a atividade espiritual mais desagradável.
Não somente destrói a vontade da alma, mas venda os olhos de modo que o indivíduo não possa ver qualquer necessidade de grande fervor de espírito ou de diligência no exercício espiritual. De uma maneira meio atordoada, ele reconhece que as “vigílias muitas vezes” e “jejuns muitas vezes” e “orar sempre” do apóstolo Paulo foram muito consistentes para o apóstolo, mas não sente que isso seja necessário em sua própria profissão de fé cristã. Ele se pergunta por que ele não está curado como as pessoas foram nos dias de Paulo. Por que se surpreende com isto? Ele não se pergunta por que as flores murcham quando não chove. É a oração fervorosa, sincera que Deus ouve.
Nada, senão uma maior diligência e determinação e fortaleza, em Deus, é o que sempre colocará a preguiça espiritual à morte.
Uma razão pela qual muitos são preguiçosos é que eles não percebem o verdadeiro valor da oração. Oh, eu peço a Deus que os homens deem o justo valor à comunhão com ele ou alguns pensamentos sobre ele! A elevação do coração a Deus em louvor e adoração é de maior valor do que a riqueza dos mundos. Não é o suficiente saber muito sobre a doutrina da Bíblia, para se familiarizar com esta presente reforma, e viver uma vida exterior justa; devemos ser cheios do Espírito Santo. Devemos ser como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, cuja folhagem não murcha. Leva bastante tempo para ganhar o céu. Tire um tempo para ser espiritual. Vale a pena trabalhar por uma casa no céu. Desenvolva a sua salvação com temor e tremor. Aridez espiritual é o resultado de indolência espiritual. Seja ativo, e você não será infrutífero.
Tradução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, de um texto de James Orr, em domínio publico.