“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça,” (II Timóteo 3.16)
Nós podemos aprender fartamente, acerca da justiça de Deus na Bíblia, conforme é um dos principais propósitos e utilidade das Escrituras.
A Bíblia ensina que a finalidade da lei é o próprio Cristo, para a justiça de todo o que crê.
Mas não basta saber e dizer simplesmente que a justiça de Deus é Cristo (Jer 23.5,6), porque Ele próprio se tornou da parte de Deus para nós a nossa justiça, como também a nossa sabedoria, santificação e redenção (I Cor 1.30), pois é necessário conhecer os muitos aspectos e realidades espirituais em que consiste esta justiça que está em Cristo e que é manifestada por Ele a nós, nos sendo atribuída e também implantada em nosso caráter, pelo trabalho progressivo do Espírito Santo.
Isto se aprende no relato das Escrituras, desde o seu primeiro livro de Gênesis, de modo que possamos pensar, julgar e praticar esta reta justiça que nos é revelada por Deus em Sua Palavra. A lei deve ser apreciada e cumprida mas sempre debaixo da fé, do amor e da misericórdia, que são procedentes da nossa comunhão com o Senhor através do Espírito Santo.
Nós vemos que Israel não teve a devida consideração para com a Palavra de Deus durante séculos, chegando mesmo a adorarem falsos deuses contra as exigências da Sua Lei. Isto culminou, por causa desta transgressão da Palavra de Deus, como a expulsão deles da sua própria terra.
Mas quando retornaram curados de sua idolatria, e convencidos de que foi esta falta de apreço pela Lei do Senhor a causa do seu cativeiro, começaram então a se entregar a uma frenética interpretação das Escrituras para que pudessem pautar suas vidas de acordo com as exigências da Lei, e foram tantas as tradições e interpretações que incorporaram às Escrituras em obras como o Talmude, por exemplo, configurando aquilo que se chamou de tradição rabínica, que acabaram por se afastar ainda mais da vontade do Senhor, porque não O buscavam, não prezavam a comunhão com Ele, não se submetiam à direção do seu Espírito, não viviam na fé, no amor, na misericórdia.
Enfim, não levavam em conta a necessidade de conversão, de um novo nascimento do Espírito, para poderem efetivamente servirem a Deus. E de fato, se o homem não nascer de novo ele não pode servir a Deus. Se ele não tiver o Espírito Santo habitando nele, transformando o seu coração, não pode cumprir verdadeiramente a Palavra do Senhor, e viver de modo que lhe seja agradável.
Nunca, em tempo algum, Deus planejou algo diferente da necessidade de que o homem, para se tornar um verdadeiro santo, pudesse fazê-lo por algum outro caminho diferente do necessário encontro pessoal com Ele.
É pelo mesmo Espírito Santo, pelo qual foram criadas todas as coisas, que é também criado um filho de Deus. A pessoa viverá então sem o conhecimento verdadeiro do Senhor, até o dia que tenha um encontro pessoal com Cristo, por ter nascido do Espírito Santo. Um Joiada teve certamente esta experiência e esta foi a razão da sua vida piedosa por longos 130 anos. Um Salomão teve também esta experiência pessoal, mas desagradou ao Senhor no final da sua vida, por ter abandonado o seu primeiro amor.
Então, Salomão nos ensina que não é necessário apenas nascer de novo para se agradar ao Senhor, é preciso também andar em santidade de vida, submetendo-se continuamente à direção e instrução do mesmo Espírito Santo, que nos converteu a Deus.
Estando então plenamente convictos de que a justiça não pode ser procedente exclusivamente do conhecimento da Lei, porque depende da união com Cristo e do trabalho interno do Espírito Santo no coração, transformando pecadores em novas criaturas, podemos partir seguros para o estudo das Escrituras, sem o risco de nos tornarmos legalistas e frios observadores da Lei, como foram os fariseus nos dias de Jesus, e pela assistência do Espírito Santo, poderemos compreender e praticar a justiça do reino de Deus, aprendendo que esta justiça é a própria pessoa de Cristo, sendo oferecido a nós para cobrir os nossos pecados, e para nos transformar à Sua própria imagem e semelhança.
A recusa desta participação na justiça de Deus, na vida de Cristo, é o que traz os juízos condenatórios sobre estes que se rebelam contra Deus.
Por isso é extremamente importante aprender e ensinar o povo do Senhor acerca da verdadeira justiça, porque disto depende um viver plenamente abençoado por Deus, em todas as circunstâncias, agradáveis ou adversas, por podermos contar com a Sua santa presença, porque Ele não pode recompensar as obras infrutíferas das trevas, senão somente as boas obras de justiça, que somos chamados por Ele a praticar diante de todos os homens, para que o Seu Santo Nome seja glorificado por eles (Mt 5.16).
É por isso que temos visto que até mesmo as obras que precisam estar sendo praticadas em nome da justiça, como as de Baasa, de Zinri, do próprio Jeú, não trouxeram afinal glória ao nome do Senhor, porque não foram feitas segundo a reta justiça, que é de acordo com os preceitos e condições estabelecidos pelo Senhor em Sua Palavra.
Se eles não amavam os mandamentos do Senhor, se não haviam nascido de novo do Espírito, que obras de justiça poderiam ter praticado que trouxesse verdadeira glória ao Seu nome?
Eles não passaram portanto de meros instrumentos dos Seus juízos, em Suas mãos, tal como eram os reis ímpios das nações pagãs, que subjugavam Israel para castigo da impiedade dos israelitas, conforme determinado por Deus.
Estes também não deram glória ao Senhor apesar de terem sido os instrumentos da Sua justiça.
E é ainda este o motivo de tantas obras serem feitas em nome de Deus pela Igreja, e que não Lhe trazem nenhuma glória, e nenhuma bênção verdadeira aos que as praticam, por não andarem na justiça que procede do Senhor e que nos é ensinada nas Escrituras.