“Examinem-se para ver se vocês estão na fé; provem-se a si mesmo…” (2 Coríntios 13. 5-8)
Abordamos na igreja nesse último domingo o tema acima. Com outros pontos que nos veio à mente, queremos compartilhar este conteúdo de caráter orientador, visando propor uma reflexão simples, quando à vida cristã.
A autorreflexão, autoanálise, são recomendações da doutrina cristã, partindo do conhecimento que temos dos seus fundamentos – ou do Novo Testamento. Esse conhecimento estabelece a base do olhar introspectivo. Paulo sabia que a igreja de Coríntios possuía tal conhecimento, então ela (a igreja) foi desafiada ao autoexame para pudesse verificar se ainda estavam na fé. Partindo desse princípio destacamos:
a) A palavra de Deus em nós é mais do que conhecimento de textos bíblicos.
b) No conhecimento da Palavra de Deus somos levados primordial e prioritariamente a ter uma experiência pessoal com Cristo. A fé evangélica objetiva nos levar a crer em Cristo. “Quem crer no filho tem a vida eterna”.
c) A palavra de Deus deve ter a função de manual de orientação, para nos instruir como devemos proceder em relação a nós mesmos.
d) A palavra de Deus deve ser como um mapa que nos orienta o caminho que nos conduz à maturidade e a vida eterna.
e) A Palavra de Deus deve ser uma bússola para nortear nossas vidas.
A autoanálise recomendada por Paulo, sem os parâmetros dos princípios do Evangelho fica inoperante, não produzindo o resultado esperado – que é – se ainda permanecemos na fé; se Cristo ainda habita me nós.
a) No olhar introspectivo focamos nós mesmos para descobrirmos as nossas necessidades intrínsecas.
b) Mergulhamos no mais profundo do nosso ser.
c) Assim como os mergulhadores precisam de treinamento e equipamento adequados para permanecerem submersos, da mesma forma, o cristão, no processo de autoanálise precisa descer às suas profundezas, com base na orientação evangélica.
d) O fato de estarmos inseridos em uma comunidade cristã, não representa que somos cristãos – ser cristão é seguir os princípios de Cristo, no modelo mais razoável – o que está explícito no Novo Testamento. A meu viver o cristianismo pode estar na religião organizada e fora dela, porque o que importa é termos a vida de Deus.
Por que, mesmo sendo cristãos, precisamos fazer autoanálise, precisamos ter uma olhar introspectivo?
a) O cristianismo não tem por base o subjetivismo – Eu acho que sou cristão; eu sinto que sou cristão; eu acho que sou cristão porque estou inserido em uma religião; leio a bíblia, livros sagrados, freqüento a minha comunidade. A meu ver, nada disso nos garante nossa cristandade – mas a fé que há em Cristo, que nos leva a ter o Cristo em nós.
b) Cristo em nós é, muito mais do que religião em nós, ou nós na religião. No mínimo, embora o termo, que deriva do latim signifique – religare, mostrando o esforço do homem em busca de Deus, o Evangelho é muito mais do que isso – é Deus à nossa procura, querendo nos dar o melhor; é mais do que os nossos esforços. Deus apresenta o seu plano no Novo Testamento e o homem deve decidir – recebendo-o pela fé, ou rejeitando-o. Neste sentido, não há caminhos alternativos. “Vocês são salvos pela graça, através da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não por obras para que ninguém se glorie…(Efésios 2. 9).
Cristo em nós é o segredo. Não somos cristãos porque lemos a bíblia ou porque participamos das liturgias e de outros sacramentos. O somos, se seguimos a Cristo e o temos em nosso interior. Está é a condição, penso!
a) “Cristo em nós a esperança da glória”.
b) Assim como uma gestante carrega no seu corpo uma vida que dela depende e, para mantê-lo bem nutrido a mãe precisa se alimentar bem, cuidar da sua saúde, da mesma forma o cristão, que quer manter Cristo no seu interior precisa, alimentar-se bem com a – a palavra de Deus, com o Espírito Santo, com todas as demais virtudes, porque é disso que Cristo também se alimenta. Dizer que somos Cristão e não termos Cristo em nós é o maior engodo – pura falsidade. O elemento vive uma vida profana, e depois acha que pode lavar sua alma na religião cristã através dos atos litúrgicos – oração, adoração, leituras sagradas! Nada disso encontra base em Cristo e seus apóstolos. Se tiver dúvida – consulte o manual – O Novo Testamento.
c) Paulo escreveu: “Meus filhos, novamente estou sofrendo dores como que de parto por sua causa, até que Cristo seja formado em você”. (Gálatas 4. 19). Paulo sabia que, se Cristo não fosse formado neles, se formava mais um religioso na terra, mas Cristo neles era – ressurreição e vida. Foi essa a sua experiência pessoal: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”. (Gálatas 2. 20)
d) Quando nos submetemos ao olhar introspectivo, com base nos princípios do Evangelho, muitas vezes nos assustamos, porque descobrimos coisas no nosso interior, com o qual não queremos encarar – nossa frieza, desamor, ira, injustiça, transgressão. Ficamos, muitas das vezes, apavorados! Por isso, é preciso coragem, muito mais do que coragem, é preciso fé para encarar a nossa realidade espiritual. Devemos lembrar que constatar a presença de imperfeições pessoais, transgressões, não é retrocesso, é evolução. Os ímpios querem transgredir, ocultar e justificar as suas transgressões, mas os que buscam a Deus procuram conhecê-las e confessá-las, a exemplo de Davi: “Tem misericórdia de mim por seu amor (…)Lava-me de toda culpa e purifica-me do meu pecado. Pois eu mesmo reconheço as minha transgressões e o meu pecado sempre me persegue… (Salmos 51. 1-19)
O mundo atual é muito dinâmico, as coisas vão melhorando num aspecto e piorando em outros. Estamos voltados para fora, para o exterior. Nossos olhares estão atentos, para tudo: trânsito, violência, golpes, corrupção, competição. Uma grande maioria precisa crescer, garantir o futuro. Na verdade, vivemos sob efeito de uma grande onda. Queremos ter lucro em tudo! Estamos de olho, quanto podemos ganhar? Até muitas ofertas que são encaminhadas para dentro da religião, objetiva, num certo sentido, investir numa espécie de “bolsa da empresa celestial”, cujo gestor suponhamos ser Deus. Contribuímos com um mil dólares/reais, e já começamos fazer as contas do lucro a curo prazo. E não falta “corretores das bolsas celestiais”, prometendo mundos e fundos, mostrando as mais variadas modalidades de investimento, alguns já adiantando bônus – dons espirituais, martelo da justiça, rosa ungida. Assim vai!…
O olhar introspectivo, com base no conhecimento da doutrina cristã bíblica, pode nos levar a um autoexame, autoanálise produtivo, porque resulta em autoconhecimento que nos fornece uma visão da relação do Eu pessoal, com o mundo espiritual, e a responsabilidade que temos conosco mesmo de buscar, libertação através de Cristo. Doutro lado, podemos também avaliar o nível de nossa fé em Cristo, para ver se nessa relação, estamos crescendo ou morrendo. Crescer, melhorar, chegar a maturidade é o alvo de Cristo, e deve ser o nosso, para que possamos viver e estar neste mundo, avaliando a tudo, “retendo o que é bom”e “prosseguindo para o alvo”, porque, segundo João:“…Tudo o que há no mundo – a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens – não provém do Pai, mas do mundo. O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre”. (1 Joãp 2. 15 – 17).
Não tenha medo de encarar você mesmo, com base em Cristo. Ele está como você nessa tarefa, para lhe ajudar na busca de uma vida de prosperidade plena, harmonia, liberdade e paz.
F. Meirinho
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