Por Luciano Subirá
Quando Deus tirou seu povo da escravidão do Egito rumo à Terra Prometida, Ele os guiou pelo deserto onde não podiam plantar e colher, o que os levou a murmurarem contra o Senhor e contra Moisés. Por outro lado, Deus queria que os israelitas dependessem totalmente da provisão divina para seu sustento. O livro de Êxodo nos conta que Deus lhes enviou pão do céu. E isto aconteceu por um período de quarenta anos (Dt 8.2-3). Leia o relato bíblico:
“E partindo de Elim, toda a congregação dos filhos de Israel veio ao deserto de Sim, que está entre Elim e Sinai, aos quinze dias do mês segundo, depois de sua saída da terra do Egito. E toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e contra Arão no deserto. E os filhos de Israel disseram-lhes: Quem dera tivéssemos morrido por mão do Senhor na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até fartar! Porque nos tendes trazido a este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão. Então disse o Senhor a Moisés: Eis que vos farei chover pão dos céus, e o povo sairá, e colherá diariamente a porção para cada dia, para que eu o prove se anda em minha lei ou não. E acontecerá, no sexto dia, que prepararão o que colherem; e será o dobro do que colhem cada dia. Então disseram Moisés e Arão a todos os filhos de Israel: À tarde sabereis que o Senhor vos tirou da terra do Egito, e amanhã vereis a glória do Senhor, porquanto ouviu as vossas murmurações contra o Senhor. E quem somos nós, para que murmureis contra nós? Disse mais Moisés: Isso será quando o Senhor à tarde vos der carne para comer, e pela manhã pão a fartar, porquanto o Senhor ouviu as vossas murmurações, com que murmurais contra ele. E quem somos nós? As vossas murmurações não são contra nós, mas sim contra o Senhor. Depois disse Moisés a Arão: Dize a toda a congregação dos filhos de Israel: Chegai-vos à presença do Senhor, porque ouviu as vossas murmurações. E aconteceu que, quando falou Arão a toda a congregação dos filhos de Israel, e eles se viraram para o deserto, eis que a glória do Senhor apareceu na nuvem. E o Senhor falou a Moisés, dizendo: Tenho ouvido as murmurações dos filhos de Israel. Fala-lhes, dizendo: Entre as duas tardes comereis carne, e pela manhã vos fartareis de pão; e sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus. E aconteceu que à tarde subiram codornizes, e cobriram o arraial; e pela manhã jazia o orvalho ao redor do arraial. E quando o orvalho se levantou, eis que sobre a face do deserto estava uma coisa miúda, redonda, miúda como a geada sobre a terra. E, vendo-a os filhos de Israel, disseram uns aos outros: Que é isto? Porque não sabiam o que era. Disse-lhes pois Moisés: Este é o pão que o Senhor vos deu para comer”. – Êxodo 16.1-15
O último versículo diz que ao verem o maná, que era algo novo, jamais visto, os israelitas começaram a perguntar uns aos outros “O que é isto?”, do som desta pergunta feita no hebraico é que surgiu o nome “maná”, que significa “o que é isto?”. Contudo, além do significado literal da palavra, o maná tem uma mensagem simbólica na Bíblia, e é isto que queremos explorar neste estudo.
A ARCA E O MANÁ
Lemos em Hebreus 9.4 acerca da arca da aliança que continha em seu interior um vaso com o maná, além das tábuas da lei e da vara de Arão que floresceu. E o mesmo escritor afirma em sua epístola que a lei tem a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas (Hb 10.1).
Na arca e nos elementos em seu interior não temos a imagem exata das coisas, mas a sombra (ou figura) de bens futuros. Se observarmos estes objetos segundo o ensino do Novo Testamento, temos que ir além da imagem exata (o que neles se vê literalmente) e compreender a sombra, ou seja, o que eles tipificam: os bens futuros, da Nova Aliança, nele figurados.
Qual é a figura do maná? Para entendermos claramente, compararemos dois textos bíblicos: um do Velho Testamento apresentando a figura, e um do Novo Testamento interpretando a figura.
“Sim, ele te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que nem tu nem teus pais conhecíeis; para te dar a entender que o homem não vive só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor disso vive o homem”. – Deuteronômio 8.3
“Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”. – Mateus 4.4
Observe isto. Em Deuteronômio, vemos que as Escrituras dizem que o homem não vive de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor. E segundo o texto, o que saía da boca do Senhor? O maná!
Agora veja, Jesus usa estas mesmas palavras ao ser tentado pelo Diabo no deserto, E O INTERPRETA ao dizer: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda Palavra que sai da boca de Deus. Ele substitui a expressão “maná” por “Palavra de Deus”, que era o significado desta figura, que não tinha a imagem exata, mas era sombra de um bem vindouro.
O maná, portanto, é um tipo da Palavra de Deus: é o alimento que vem do céu para o sustento do seu povo. E qual é a figura da arca da aliança? Ela representa a presença de Deus no meio dos homens. Veja os textos bíblicos que autenticam esta afirmação: Quando, pois, a arca partia, dizia Moisés: Levanta-te, Senhor, e dissipados sejam os teus inimigos, e fujam diante de ti os que te odeiam. E quando ela pousava, dizia: Volta, ó Senhor, para os muitos milhares de Israel. (Nm 10.35-36). Quando a arca partia, Moisés dizia: “Levanta-te ó Deus…”, e quando ela pousava, dizia: “Volta, ó Senhor…”, porque a arca representava a presença de Deus que estava entre os querubins, como ele mesmo dissera a Moisés. Vemos também que em Primeira Samuel 4.21-22, quando os filisteus tomaram a arca, dizia-se em Israel: “Icabode – de Israel se foi a Glória!”
Se a arca representava a presença de Deus no meio dos homens, então ela figura Jesus! No Novo Testamento, é Ele quem é chamado EMANUEL, que traduzido é “Deus conosco” (Mt 1.23). E dele escreveu João, o apóstolo do amor, dizendo: E o verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do pai. […] Ninguém jamais viu a Deus. O Deus unigênito, que está no seio do Pai, esse o deu a conhecer. (João 1.14, 18.) A arca, portanto, é figura de Cristo, a presença de Deus no meio dos homens.
O MANÁ ESCONDIDO
Uma vez compreendidas estas figuras, entenderemos melhor o que Paulo disse aos Colossenses: No qual [Cristo] estão ESCONDIDOS todos os tesouros da sabedoria e da ciência. (Col 2.3). Veja bem: assim como o maná encontrava-se escondido dentro da arca, da mesma maneira, em Cristo, estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência!
A arca figura Cristo e o maná a Palavra de Deus. E o maná encontrava-se ESCONDIDO dentro da arca, do mesmo modo que os tesouros da sabedoria e da ciência – os mistérios do Reino, a Palavra de Deus – estão escondidos em Cristo.
É importante ressaltar a expressão “escondido”. O maná não estava apenas guardado na arca, mas escondido! A arca não tinha janela nem vitrine; era um baú coberto pela tampa do propiciatório sobre o qual estavam os querubins. O que se colocava dentro dela não era visto por ninguém. Jesus mesmo autentica esta verdade ao dizer à igreja de Pérgamo “ao que vencer lhe darei do maná ESCONDIDO…”, sabe o que isto significa? Se alguém olhasse para a arca não veria o maná escondido, exceto se fizesse um exame mais cuidadoso, abrindo a arca para examinar seu conteúdo.
Da mesma maneira, se você tiver um con
tato apenas superficial com Cristo jamais descobrirá os tesouros da sabedoria e da ciência! Jamais poderá conhecer os mistérios do Reino! Do mesmo modo como ao se examinar a arca de maneira superficial não se encontrava o maná, assim também, um contato distante com Cristo jamais lhe revelará os tesouros escondidos! E, infelizmente, esta é a realidade da maioria dos cristãos que, servindo a Jesus por anos e anos, jamais chegam a experimentar do maná escondido.
Talvez pensem que isto é só para ser desfrutado no céu, por causa da promessa de Jesus à igreja de Pérgamo; mas o que de fato Jesus disse é que quando os vencedores chegassem lá, continuariam a desfrutar do maná escondido, pois é impossível chegar a desfrutar da totalidade destes tesouros em Cristo ainda nesta vida. Eles são inesgotáveis! Mas isto não quer dizer que não se encontrem à sua disposição desde já! Saia do seu comodismo e corra possuir o que lhe pertence!
Há mistérios no Reino. Há verdades a serem compreendidas. Não são verdades novas, são antigas; elas são uma novidade para estes dias apenas porque estão sendo restauradas, restituídas por Deus já que a Igreja deixou-as de lado.
Estes tesouros escondidos são os mesmos segredos de Deus pertencentes aos que o temem, que Davi menciona no Salmo 25.14. Cada vez que você pegar em sua Bíblia para ler, estudar e meditar, lembre-se que há tesouros escondidos que jamais se tornarão conhecidos com um mero exame superficial. Mas entenda que quando falo de buscar de maneira mais profunda os tesouros, não estou me referindo meramente a estudo e pesquisa (embora devamos praticar isto com a maior dedicação possível), falo de se receber do céu, pelo Espírito Santo, as verdades de Deus, ou seja, experimentar o conhecimento por revelação!
Pr. Luciano Subirá – Ministério Orvalho
Extraído do site www.orvalho.com