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Não Somos Seguidores de Lutero, Mas da Verdade Revelada

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Comments (1)
  1. leandro disse:

    Noto como muito contraditorio esta afirmação que vcs evangelicos so aceitam o sola Biblia, porem, no caso da definição do canon sagrado vcs se atém a palavra de Lutero. Não vi em nenhum livro ou epistola da Biblia uma citação literal dos nomes ou sequer do número exato de livros que deveriam constar no Livro Santo.

    Vocês, leitores, já perceberam que os protestantes geralmente buscam suas fontes a partir de grandes teólogos do passado e do presente, mesmo de Calvino, no caso dos calvinistas, e vários outros teólogos modernos? Entretanto, geralmente falta um personagem, o personagem principal, no âmbito reformado: Martinho Lutero.

    Já é ampla a nossa cobertura da revolta protestante do século 16, mas muito ainda falta ser dito. Os protestantes costumam colocar Lutero como um príncipe, um homem iluminado, que trouxe à luz a Igreja que jazia nas trevas da “corrupção”. Em todos os meios protestantes, Lutero foi um homem que, ao ler “um livro proibido”, a Bíblia, descobriu em suas letras simples a doutrina até então “obscura” de Cristo: a salvação somente pela fé. Desde então Lutero é uma figura ímpar na história do protestantismo. Inclusive alguns teólogos católicos reconhecem em Lutero valores dignos dos grandes doutores da Igreja.

    Quantos protestantes, mesmo pastores, já leram obras de Lutero. Dificilmente um católico que não seja estudioso do assunto leria. Mas espera-se que os protestantes tenham uma certa noção dos escritos dos seus pais. Nós católicos buscamos ler e entender o que pensavam e ensinavam os pais da Igreja: Inácio, Clemente, Leão, Tertuliano, Gregório, Agostinho, Vicente, Aquino. Entre milhares de outros. É uma vasta literatura, mas todo católico que esteja interessado nas suas doutrinas busca conhecer a sua patrologia.

    Lutero deixou uma obra extensa, da qual em português creio não existir nem metade. Suponho, também, que nem metade dos protestantes já leu as obras dele. O que será que encontrariam? Talvez não gostem muito do que encontrarão, caso se aventurem. Na realidade, apesar de ser um estudioso da Bíblia, ter causado uma revolução no seio da Igreja, muitas vezes Lutero foi um blasfemo. Ao menos, pelos seus escritos, é o que nos parece.

    Muitos protestantes questionam os católicos acerca do que falaram os seus teólogos do passado. Muitos dizem que Papas pecaram, disseram isso ou aquilo. Tudo isso, para eles, é prova de que a Igreja Católica não é a Igreja fundada por Jesus, nosso Senhor. Que o Espírito Santo não pode conduzir uma Igreja que ensina a “venda do perdão”, por exemplo. Outros alegam que a Igreja não podia ter transferido a um homem o poder que somente Deus contém. Entre várias outras alegações, os erros do passado são, para os protestantes, prova mais que suficiente de que a Igreja é demoníaca.

    Mas, de qualquer forma, o leitor julgue as palavras de Lutero…ditas pelo próprio reformador.

    Se és um pregador da graça, então pregue uma graça verdadeira, e não uma falsa; se a graça existe, então deves cometer um pecado real, não fictício. Deus não salva falsos pecadores. Seja um pecador e peque fortemente, mas creia e se alegre em Cristo mais fortemente ainda…Se estamos aqui (neste mundo) devemos pecar…Pecado algum nos separará do Cordeiro, mesmo praticando fornicação e assassinatos milhares de vezes ao dia. (American Edition, Luther’s Works, vol. 48, pp. 281-82, editado por H. Lehmann, Fortress, 1963. ‘The Wittenberg Project;’ ‘The Wartburg Segment’, translated by Erika Flores, de Dr. Martin Luther’s Saemmtliche Schriften, Carta a Melanchthon, 1 de agosto de 1521. )

    Lutero está claramente dizendo que os nossos pecados, mesmo o pecado mais intenso imaginável, não importa. Diz que podemos cometer os pecados de forma convicta, que mesmo assim não nos separaremos de Deus. Imagine um católico dizendo tal coisa a um protestante, em um debate sobre o pecado, qual seria a resposta do protestante? (não responda, caro leitor, apenas abra sua Bíblia e leia o que ela diz sobre o pecado ? Mt 25,32; Mt 13,30; Mt 3,10; Hb 10,26-29).

    Estas almas piedosas que fazem o bem para chegar ao céu não somente não o alcançarão, como serão arranjados entre os ímpios; e importa mais em impedi-los de fazerem boas obras que pecados. (Wittenberg, VI, 160, citado por O’Hare, in “The Facts About Luther”, TAN Books, 1987, p. 122).
    Sim, é isso que você leu. Deve-se evitar praticar boas obras, não pecados. Acaso foi isso que Jesus ensinou? Pense em Cristo exortando a pecadora, em vias de ser apedrejada, e, ao segurá-la pela mão, dizer: “vá, e não pratique mais boas obras”. Na verdade, o que Lutero quer dizer é “não se preocupe com os pecados, Jesus os encobrirá. Preocupe-se com suas boas obras, isto lhe condenará”. As Escrituras dizem que seremos julgados pela forma como vivemos a nossa fé. Paulo diz claramente, em Rm 2,5-11, que o justo julgamento de Deus será de acordo com nossas ações. De acordo com 2Cor 5,10, receberemos a recompensa de Deus de acordo com nossos atos, bons ou ruins. Segundo Lutero, seremos recompensados por não fazer boas obras, enquanto que nossos pecados não influirão no julgamento de Deus.

    O homem é como um cavalo. Deus o está montando? Um cavalo é obediente e aceita as vontades de seu dono, e vai onde quer que ele queira. Acaso Deus soltou as rédeas? Então Satanás sobe em seu dorso, e o submete aos seus caprichos…Portanto, a necessidade, e não o livre-arbítrio, é o princípio controlador de nossa conduta. Deus é o autor do que é mal como do que é bom, e, da forma como concede a felicidade àqueles que não a merecem, assim também condena a outros que não desejaram seu destino. (‘De Servo Arbitrio’, 7, 113 seq., citado por O’Hare, in ‘The Facts About Luther, TAN Books, 1987, pp. 266-267.)

    A Bíblia discorda de Lutero. Lemos em Eclesiástico 15,11-20: “Não digas: É por causa de Deus que ela me falta. Pois cabe a ti não fazer o que ele abomina. Não digas: Foi ele que me transviou, pois que Deus não necessita dos pecadores. O Senhor detesta todo o erro e toda a abominação; aqueles que o temem não amam essas coisas. No princípio Deus criou o homem, e o entregou ao seu próprio juízo; deu-lhe ainda os mandamentos e os preceitos. Se quiseres guardar os mandamentos, e praticar sempre fielmente o que é agradável (a Deus), eles te guardarão. Ele pôs diante de ti a água e o fogo: estende a mão para aquilo que desejares. A vida e a morte, o bem e o mal estão diante do homem; o que ele escolher, isso lhe será dado, porque é grande a sabedoria de Deus. Forte e poderoso, ele vê sem cessar todos os homens. Os olhos do Senhor estão sobre os que o temem, e ele conhece todo o comportamento dos homens”.

    Os protestantes, claro, replicarão dizendo que Eclesiástico não é um livro canônico. Apesar de estarem errados, e Eclesiástico ser sim um livro canônico podemos citar livros que eles apreciam como Escritura Sagrada: Dt 30,19-20: “Tomo hoje por testemunhas o céu e a terra contra vós: ponho diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas com a tua posteridade, amando o Senhor, teu Deus, obedecendo à sua voz e permanecendo unido a ele. Porque é esta a tua vida e a longevidade dos teus dias na terra que o Senhor jurou dar a Abraão, Isaac e Jacó, teus pais”. Vemos que o homem, além de ser livre para escolher, ele é obrigado a fazer tal escolha. Em Gn 4,7 lemos: ?Se praticares o bem,, sem dúvida alguma poderás reabilitar-te. Mas se precederes mal, o pecado estará à tua porta, espreitando-te; mas, tu deverás dominá-lo?.

    Lutero disse que Deus é o responsável pelo bem e pelo mal. Porém Paulo também discorda dele, pois escreveu: “Pois, se nós, que aspiramos à justificação em Cristo, retornamos, todavia, ao pecado, seria porventura Cristo ministro do pecado? Por certo que não!”. Por certo que Lutero está errado.

    Poligamia

    Confesso não poder evitar que uma pessoa despose muitas mulheres, pois tal não contradiz as Escrituras. Caso um homem escolha mais de uma mulher, deve procurar saber se está satisfeito com sua consciência de que o fará em acordo com o que diz a Palavra de Deus. Neste caso, a autoridade civil nada tem a fazer. (De Wette II, 459, ibid., pp. 329-330)

    A Bíblia poderia melhorar

    A história de Jonas é tão monstruosa que é absolutamente inacreditável (‘The Facts About Luther, O’Hare, TAN Books, 1987, p. 202)
    Eu jogaria o livro de Esther no Elbe. Sou de tal forma inimigo deste livro que preferiria que não existisse, pois é judaizante demais e com grande parte de idiotices pagãs. (Ibid.)

    A carta de Tiago é uma carta de palha, pois não contém nada de evangélico (‘Preface to the New Testament,’ed. Dillenberger, p. 19.)
    Se algo sem sentido foi falado, este é o lugar. Eu confirmo o que muitos já haviam dito que, com muita probabilidade, esta epístola não fora escrita pelo apóstolo, e não merece o nome do apóstolo. (‘Pagan Servitude of the Church’ ed. Dillenberger, p. 352.).
    Para mim tal livro* não possui qualquer característica cristã. Que cada um julge este livro; eu mesmo tenho aversão, e isto é o suficiente para rejeitá-lo (Sammtliche Werke, 63, pp. 169-170, ‘The Facts About Luther,’ O’Hare,TAN Books, 1987, p. 203). *NT: Trata-se do livro de Apocalipse.
    Os protestantes, debatendo sobre os deuterocanônicos, citam passagens que dizem que os que acrescentam qualquer coisa à Palavra de Deus serão condenados. Demonstramos com vários artigos que, na realidade, quem acrescentou ou retirou algo da Bíblia foram os reformadores. E o próprio Lutero admite tal feito, com a adição da palavra “somente” em Rm 3,28 de sua tradução para o alemão:

    Se um papista lhe questionar sobre a palavra “somente”, diga-lhe isto: papistas e excrementos são a mesma coisa. Quem não aceitar a minha tradução, que se vá. O demônio agradecerá por esta censura sem minha permissão. (Amic. Discussion, 1, 127,’The Facts About Luther,’ O’Hare, TAN Books, 1987, p. 201)
    Cristo pecador

    Cristo Adúltero. Cristo cometeu adultério pela primeira vez com a mulher da fonte [do poço de Jacó] de que nos fala São João. Não se murmurava em torno dele: “Que fez, então, com ela?” Depois, com Madalena, depois, com a mulher adúltera, que ele absolveu tão levianamente. Assim, Cristo, tão piedoso, também teve que fornicar, antes de morrer. (Lutero, Tischredden, Table Talk, Weimar, Vol. II, p. 107, apud Franz Funck Brentano, Martinho Lutero, Ed Vecchi Rio de Janeiro 1956, p. 15).
    Creio que não se pode comentar tais palavras, assegurando que vieram do nome daquele que cultuam hoje como “a estrela que brilhou no meio à escuridão da idade média”. Não há dúvida: Lutero está errado. Cristo se assemelhou em tudo a nós, menos ao pecado. Isto é evidente pela Sagrada Escritura e pela autoridade da Igreja, pois Cristo é Deus.

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